Em entrevista ao blog Mulher com Saúde a Dra. Daniele falou sobre emagrecimento.
Emagrecimento: é sempre preciso?
Para algumas pessoas ter um corpo magro não é só questão de estética, mas também uma questão de saúde. Entretanto, muitos podem exagerar nas dietas, uso de medicamentos e exercícios físicos para chegar ao resultado desejado. E o risco está no exagero. Para desmitificar o este tipo de emagrecimento a qualquer custo e focar no emagrecimento saudável, entrevistamos a Dra. Daniele Tokars Zaninelli, Endocrinologista do Hospital VITA Curitiba. Confira!
Dra. Daniele, existem casos em que as pessoas com sobrepeso não precisam se preocupar em emagrecer?
Muito se discute se o excesso de peso traz problemas para todos que estão nessa condição ou não. Muitas vezes vemos pacientes que ao início do tratamento tem exames normais, sem problemas metabólicos aparentes, porém os estudos mostram que na maioria dos casos é apenas uma questão de tempo para que os problemas de saúde apareçam. A perda de peso, mesmo que moderada (em torno de 5 a 10% do peso inicial), não só reduz muito o risco de desenvolver, como também auxilia no controle de doenças cardiovasculares, diabetes, apnéia do sono, entre outras. Além das consequências diretas à saúde devemos lembrar das limitações físicas e dos problemas psicológicos que o excesso de peso pode trazer. Então, eu diria que se houver um aumento significativo de peso (mesmo que ainda fique dentro do “normal”), sobrepeso, ou obesidade, devemos sempre buscar atingir o peso considerado saudável para aquele indivíduo.
Em quais condições de saúde uma pessoa que está um pouco acima do peso deve emagrecer?
Ela deve procurar emagrecer mesmo que não tenha nenhum problema de saúde, e essa é a situação ideal, onde se consegue prevenir as doenças secundárias ao ganho de peso. Caso ela já tenha alguma alteração nos níveis de glicemia, colesterol, ou até mesmo gordura no fígado, por exemplo, que evidenciam maior risco, a necessidade de perda é ainda maior.
Quais são os riscos de uma busca exagerada pelo emagrecimento?
Essa busca exagerada pode ser consequência de transtornos psicológicos/psiquiátricos, onde há uma distorção da forma de ver o próprio corpo. Isso pode ter início nos ideais de beleza impostos pela sociedade em que as mulheres são as maiores vítimas. Apesar de ter um peso normal, muitas jovens sentem uma cobrança tão grande da família e do meio em que estão inseridas para que se mantenham magras, que podem surgir graves distúrbios como a anorexia nervosa e a bulimia, trazendo consequências terríveis à saúde. Entre elas: problemas digestivos, dentários, arritmias cardíacas, distúrbios menstruais, anemia e carências nutricionais importantes.ho de peso. Caso ela já tenha alguma alteração nos níveis de glicemia, colesterol, ou até mesmo gordura no fígado, por exemplo, que evidenciam maior risco, a necessidade de perda é ainda maior.
Qual a melhor forma de emagrecer?
É aquela que melhor se adapta a cada paciente, buscando respeitar suas preferências pessoais. Devem ser evitados tratamentos radicais de qualquer tipo, que costumam trazer sofrimento e resultados passageiros. O objetivo é implementar mudanças nos hábitos de vida, que possam ser seguidas a longo prazo, e que passem a fazer parte do dia a dia, sem grandes transtornos à rotina. A base do tratamento é a redução da ingesta calórica e o aumento do gasto energético. Um bom planejamento é essencial para que o controle alimentar seja efetivo, pois se estamos cercados de boas opções, fica mais fácil dar preferência a alimentos ricos em fibras, proteínas e nutrientes essenciais, que estão presentes em alimentos “naturais” como frutas, verduras, legumes, carnes e “bons” carboidratos, e que proporcionam maior saciedade com um menor teor calórico.
É importante associar exercícios físicos regulares, que ajudam a manter o foco, controlam a ansiedade e o apetite, mantém o metabolismo mais acelerado, previnem doenças e melhoram a composição corporal. O aumento da massa magra é importante para a manutenção do peso a longo prazo.
Quais são os especialistas que devem ser consultados.
O médico endocrinologista está apto a fazer uma avaliação clínica completa, detectando possíveis causas para o ganho de peso, como distúrbios hormonais, por exemplo. Também avalia, através de exames laboratoriais, se existem consequências do excesso de peso à saúde, como alteração dos níveis de colesterol, glicose, ácido úrico, entre outras, realizando tratamento de cada uma delas quando houver indicação. Também realiza a orientação do plano alimentar, e indica medicamentos que possam auxiliar na perda de peso, dependendo de cada caso.
O nutricionista pode auxiliar na orientação alimentar.
O profissional de educação física também é muito importante na orientação e acompanhamento dos exercícios físicos.
Ter uma vida ativa com atividades físicas regulares para se manter saudável, pode ser mais importante do que propriamente emagrecer?
Sim. Estudos mostram que indivíduos com sobrepeso que são ativos fisicamente apresentam uma saúde melhor do que magros sedentários.
Dicas para as pessoas que possuem sobrepeso viverem uma vida mais saudável.
Independente do peso que se tenha, as dicas são as seguintes:
Evite alimentos industrializados, pois costumam ser ricos em sal, gorduras e uma série de produtos químicos prejudiciais à saúde.
Evite o consumo excessivo de açúcar, que muitas vezes não é percebido, pois está embutido em sucos de caixinha, refrigerantes, e até mesmo naquele cafezinho…
Planeje suas refeições, pois com boas escolhas alimentares não há necessidade de grandes restrições.
Movimente-se o máximo que puder, seja no ambiente de trabalho, em casa ou na academia. Passe mais tempo em pé, percorra pequenas distâncias a pé, e suba escadas.
Evite passar as horas de lazer em frente às telas (computador, televisão, jogos eletrônicos), pois além de favorecer o sedentarismo são fontes de estresse e ansiedade, e estão associados ao consumo de alimentos mais calóricos.
Procure dormir bem.
*Dra Daniele Tokars Zaninelli – Endocrinologista do Hospital VITA Curitiba.
Fonte: Mulher com Saúde