O hipotireoidismo instala-se silenciosamente, e em alguns casos, ele é ainda mais sutil. Você pode simplesmente sentir-se levemente apático, cansado com frequência, ou ter o intestino preguiçoso, por exemplo, ou mesmo não perceber sintoma algum e ainda assim ter hipotireoidismo. O hipotireoidismo subclínico (HSC) atinge cerca de 4 a 10% das pessoas, sendo que mulheres e idosos são acometidos com maior frequência.

Por Drª Daniele C. Tokars Zaninelli*

Uma baixa ingesta de iodo está associada a um maior risco de desenvolvê-lo. Sua incidência aumenta com a idade, e a partir dos 60 anos cerca de 10-20% das pessoas são acometidas pelo HSC.

O que isso quer dizer?

A definição de hipotireoidismo subclínico é baseada nos resultados dos exames de sangue, onde os níveis de TSH (hormônio estimulante da tireóide) estão alterados, com níveis acima do valor máximo de referência, porém a dosagem de T4 livre (hormônio produzido pela tireóide) é normal. “O que o diferencia do hipotireoidismo, é que no último os níveis de T4 livre também estão alterados”. No HSC a tireóide tem alterações discretas, mas que merecem atenção, pois com o tempo podem evoluir para o hipotireoidismo de fato.

Se existem sintomas sugestivos de hipotireoidismo, mas os exames estão normais, é necessário investigar outras causas para o aparecimento dos sintomas.

É comum que durante a realização de um check-up sejam encontrados valores alterados de TSH. Nesses casos é prudente procurar um endocrinologista, que poderá solicitar outros exames como dosagem de anticorpos antitireoidianos ou até mesmo uma ecografia de tireoide para definir melhor quais os riscos e os benefícios do tratamento em cada situação.

Quem deve ficar mais atento?

Pacientes com sintomas como: cansaço, queda de cabelos, pele seca, unhas descamativas ou quebradiças, obstipação intestinal, inchaço, fraqueza muscular, alterações do humor e do sono, e aqueles que se encontram nos grupos de risco abaixo: 

Mulheres acima de 35 anos (a cada cinco anos), pacientes com historia prévia ou familiar de doença tireoidiana, submetidos à cirurgia de tireoide, terapia prévia com iodo radioativo ou radiação externa no pescoço, diabetes tipo 1, história pessoal ou familiar de doença autoimune, síndrome de Down e Turner, tratamento com lítio ou amiodarona, depressão, dislipidemia e hiperprolactinemia

É necessário tratar?

Nem sempre. “A maioria dos endocrinologistas concorda que pacientes com TSH superior a 10mU/L devem ser tratados. Quando o TSH se encontra entre 4,5 e 10mU/L deve-se levar em conta as características individuais do paciente. Como os sintomas de hipotireoidismo subclínico são inespecíficos, ou seja, podem ocorrer em diversas situações, o tratamento só deve ser iniciado após a avaliação cuidadosa de um endocrinologista.

Alguns casos merecem atenção especial. Mulheres que desejam engravidar ou gestantes devem ser avaliadas com cuidado devido aos efeitos dos hormônios tireoidianos sobre a fertilidade, o desenvolvimento do bebê, e a evolução da gestação. Nesses casos até mesmo os valores de referência do TSH são diferentes daqueles considerados normais para a população em geral.

O tratamento também pode ter efeitos sobre os níveis de colesterol e os riscos de doença cardiovascular.

É importante lembrar que um tratamento inadvertido, com doses hormonais excessivas, pode trazer sérios riscos à saúde. Então, fique atento! Na presença de sintomas ou exames alterados procure um endocrinologista, que é o profissional habilitado para identificar as situações que merecem tratamento.

*Daniele C. Tokars Zaninelli é médica e especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atua como endocrinologista em Curitiba.