O que é a endocrinologia?
A endocrinologia é a especialidade médica que cuida do funcionamento das glândulas, responsáveis por produzir e secretar diversos hormônios no organismo.
O nome é de origem grega, em que “endo” significa interno e “krino” significa separar ou secretar, isto é, uma “secreção interna”, referindo-se à liberação dos hormônios.
As glândulas responsáveis por produzir os hormônios são a tireoide, hipófise, hipotálamo, suprarrenais, gônadas, paratireoides e pâncreas. Outros tecidos também estão associados ao controle de substâncias reguladoras, como a gordura, o estômago, intestino, rins e a pele, por exemplo.
Quando algo não está funcionando bem em uma das glândulas ou tecidos citados, vários problemas de saúde podem surgir.
Continue a leitura para descobrir quando procurar a ajuda do endocrinologista e em quais condições ele pode te ajudar.
O que é a endocrinologia?
A endocrinologia é a especialidade médica que cuida do funcionamento das glândulas, responsáveis por produzir e secretar diversos hormônios no organismo.
O nome é de origem grega, em que “endo” significa interno e “krino” significa separar ou secretar, isto é, uma “secreção interna”, referindo-se à liberação dos hormônios.
As glândulas responsáveis por produzir os hormônios são a tireoide, hipófise, hipotálamo, suprarrenais, gônadas, paratireoides e pâncreas. Outros tecidos também estão associados ao controle de substâncias reguladoras, como a gordura, o estômago, intestino, rins e a pele, por exemplo.
Quando algo não está funcionando bem em uma das glândulas ou tecidos citados, vários problemas de saúde podem surgir.
Continue a leitura para descobrir quando procurar a ajuda do endocrinologista e em quais condições ele pode te ajudar.
Índice – neste artigo você encontrará as seguintes informações:
- O que é a endocrinologia?
- Endocrinologia e metabologia
- Como funciona o sistema endócrino?
- O que faz o endocrinologista?
- Para que serve?
- Especialidades e áreas de atuação
- Endocrinologia e Medicina do exercício e do esporte
- Quando procurar?
- Como o endocrinologista ajuda quem quer emagrecer?
- Exames e procedimentos comuns
- Como é o tratamento de doenças endócrinas?
- É possível se prevenir de distúrbios endócrinos?
- Onde encontrar este profissional?
- Formação
- Perguntas frequentes
Como funciona o sistema endócrino?
O sistema endócrino conta com as glândulas endócrinas, estruturas responsáveis pela produção e liberação de hormônios essenciais para o bom funcionamento do organismo.
Os hormônios viajam pela corrente sanguínea exercendo seus efeitos em órgãos distantes. Muitos atuam em diversos órgãos e tecidos, e por isso a deficiência ou o excesso de um único hormônio pode levar a sintomas variados.
Assim, o sistema endócrino se divide da seguinte forma:
Hipotálamo
O hipotálamo é uma estrutura do cérebro, e está localizado na sua base. Uma de suas funções principais é a de estabelecer uma conexão entre o sistema endócrino e o sistema nervoso.Produz hormônios que controlam a produção hormonal da hipófise. Essas duas estruturas trabalham juntas para dizer às outras glândulas endócrinas quando é hora de liberar os hormônios que elas produzem. Esses hormônios regulam a temperatura corporal, o apetite e o peso, o humor, o desejo sexual, o sono e a sede, entre outros. Por isso, a função do hipotálamo está diretamente relacionada ao equilíbrio geral dos hormônios.
Hipófise
A hipófise, ou glândula pituitária, é considerada uma glândula mãe no organismo humano, pois é fundamental no funcionamento de diversas outras glândulas e seus hormônios. Ela se divide em duas partes: neuro-hipófise e adeno-hipófise.
Neuro-hipófise
A neuro-hipófise está localizada no lobo posterior da hipófise e é a parte responsável por liberar dois dos principais hormônios produzidos pelas células neurossecretoras do hipotálamo: a oxitocina e o hormônio antidiurético, também chamado de vasopressina ou ADH.
A oxitocina faz com que as gestantes tenham contrações uterinas no momento adequado, e contribuem para que a mulher não sofra hemorragia durante o parto, e também promove o fluxo de leite nas mulheres que estão amamentando.
O hormônio ainda está relacionado ao desenvolvimento da empatia entre as pessoas e ao prazer sexual. Por esses motivos, é considerado o hormônio do amor.
Além de estar presente em sentimentos de afeto, a oxitocina está relacionada na modulação da sensibilidade ao medo.
A vasopressina, ou hormônio antidiurético, tem o papel de promover a reabsorção de água pelos rins, promovendo o equilíbrio da água corporal.
Adeno-hipófise
Essa outra parte da hipófise, localizada no lobo anterior, é capaz de produzir outros hormônios dependentes do estímulo do hipotálamo. São eles os hormônios folículo-estimulante, luteinizante, tireoestimulante, adrenocorticotrófico e prolactina. Além desses, é responsável também pela produção do hormônio do crescimento, o GH (Growth Hormone).
Cada um apresenta funções importantes e específicas para a saúde do nosso organismo:
- Prolactina: estimula a produção do leite;
- Tireotrofina: controla o funcionamento da glândula tireoide;
- Adrenocorticotrófico: tem o papel de regular a secreção de glicocorticoides pelas glândulas adrenais;
- Folículo-estimulante: é o hormônio responsável pelo estímulo dos folículos ovarianos (mulheres) e da espermatogênese (homens);
- Luteinizante: Nas mulheres, esse hormônio regula o estrogênio. Nos homens, regula a testosterona;
- GH: Promove o crescimento na infância e adolescência. Nos adultos ajuda a manter a massa muscular e óssea saudáveis, exercendo ainda outros importantes efeitos metabólicos.
Tireoide
A tireoide está localizada na região anterior do pescoço, abaixo da cartilagem conhecida popularmente como pomo de Adão. Apresenta formato de “borboleta”. Funciona através do estímulo do hormônio tireoestimulante (TSH), secretado pela hipófise.
O iodo é essencial para a produção dos hormônios tireoidianos. A deficiência desse mineral pode levar a complicações, como o aumento de volume da glândula (bócio), aparecimento de nódulos e hipotireoidismo.
O sal iodado é fonte importante desse nutriente e deve ser consumido com moderação, já que o excesso de iodo também pode ser responsável por disfunções da tireoide. Outra fonte de iodo na alimentação são os frutos-do-mar.
Os principais hormônios produzidos na tireoide são a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Quando a tireoide produz quantidades insuficientes desses hormônios ocorre o hipotireoidismo, e, quando produz em excesso, o hipertireoidismo.
Além de T3 e T4, a tireoide produz a calcitonina, que participa da regulação dos níveis de cálcio e fósforo no sangue.
Paratireoides
Existem quatro glândulas paratireoides, localizadas no pescoço, atrás da tireoide. O PTH, hormônio secretado por elas, é responsável pelo equilíbrio das concentrações de cálcio e fósforo na corrente sanguínea.
Quando o cálcio do sangue fica baixo, o PTH o traz de volta ao normal, movendo o cálcio dos ossos, e aumentando a retenção de cálcio pelos rins e intestinos.
Níveis excessivos de PTH (hiperparatireoidismo) promovem a liberação de cálcio dos ossos com aumento de seus níveis no sangue e na urina. Com o tempo, isso pode resultar em osteoporose (aumento do risco de fraturas), pedras nos rins e declínio da função renal.
Pâncreas
O pâncreas é uma glândula que está localizada atrás do estômago. Apresenta duas funções principais, que podem ser classificadas como: endócrina e exócrina.
A parte exócrina é responsável pela produção do suco pancreático, que participa da digestão dos alimentos. Já a parte endócrina é constituída por estruturas chamadas ilhotas de Langerhans, constituídas por células de dois tipos: as células alfa, que produzem glucagon, e as células beta, que produzem insulina.
A principal função do pâncreas endócrino é manter níveis equilibrados ​​de açúcar no sangue. Glucagon e insulina trabalham juntos. A insulina evitará que os níveis de glicose aumentem a um ponto que seja muito alto, enquanto o glucagon evita que os níveis glicêmicos fiquem muito baixos.
O diabetes tipo 1 é uma doença desencadeada por uma falha no sistema imunológico, que faz com que anticorpos ataquem as células produtoras de insulina, que deixa de ser produzida.
Já o diabetes tipo 2, o mais frequente, surge quando o pâncreas não produz insulina em quantidades suficientes, ou quando o corpo não consegue utilizar a insulina de forma adequada (processo chamado de resistência à insulina), o que está fortemente associado ao excesso de gordura abdominal.
Adrenais ou suprarrenais
As glândulas adrenais, ou suprarrenais, estão localizadas sobre os rins. Cada uma é composta por duas regiões distintas, o córtex e a medula.
Entre as funções do córtex está a produção e secreção de glicocorticoides e mineralocorticoides, além de esteroides sexuais.
O cortisol, um glicocorticoide, interfere no metabolismo de glicídios, lipídios e proteínas. Tem ainda efeitos sobre o sistema imunológico (antialérgico e anti-inflamatório), sobre o trato gastrointestinal e os ossos.
Já a aldosterona, um mineralocorticoide, promove a reabsorção de sódio e a excreção de potássio pelos rins, influenciando na pressão arterial.
Os hormônios produzidos pelas adrenais modulam nossas reações ao estresse. Isso porque na medula acontece a produção e secreção de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina).
A adrenalina desencadeia uma série de respostas ao estresse. Essa reação faz com que as passagens de ar fiquem mais dilatadas para fornecer aos músculos o oxigênio de que precisam para lutar contra o perigo, ou fugir. Também faz com que os vasos sanguíneos se contraiam para redirecionar o sangue para os principais grupos musculares, além do coração e pulmões.
A sensibilidade do corpo à dor também diminui como resultado da ação da adrenalina, e é isso que permite que se continue correndo ou lutando contra o perigo mesmo quando se está ferido.
Gônadas
São as glândulas que produzem e secretam os hormônios sexuais. São representadas pelos ovários (nas mulheres) e pelos testículos (nos homens). As principais funções dos hormônios produzidos pelas gônadas são o controle do ciclo reprodutivo, a determinação do aspecto físico típico de homens e mulheres, e do comportamento sexual.
Nas mulheres, o estrogênio (ou estradiol) e a progesterona são os principais hormônios sexuais. Participam da puberdade, preparam o corpo e o útero para a gravidez, e regulam o ciclo menstrual. Durante a menopausa, as alterações no nível de estrogênio causam muitos dos sintomas típicos dessa fase.
A testosterona é o principal hormônio sexual nos homens. Atua na puberdade, no aumento da densidade óssea, no crescimento de pelos faciais, na fertilidade e no aumento da massa e da força muscular. A andrologia é a área especializada no tratamento de problemas relacionados a esse hormônio.
O que faz o endocrinologista?
Segundo a dra. Daniele Zaninelli, a endocrinologia é a especialidade médica que estuda as glândulas endócrinas e os hormônios por elas produzido. Além disso, estuda as alterações metabólicas e distúrbios decorrentes da deficiência ou excesso hormonal.
A função do médico endocrinologista, nesse caso, é investigar, tratar e realizar o acompanhamento dos pacientes que apresentam algumas das patologias provocadas por uma desordem hormonal.
Essas desordens podem ocorrer por diversos fatores, entre eles os fatores genéticos, de estilo de vida, e ambientais.
São exemplos de fatores ambientais as substâncias químicas presentes no nosso dia a dia, conhecidas como desreguladores endócrinos, que interferem na ação dos hormônios. Essas substâncias podem ser encontradas em pesticidas, embalagens plásticas e alimentos enlatados, na água potável, e até mesmo no pó doméstico.
Os distúrbios endócrinos podem ser divididos em três grupos principais:
- Doenças causadas por deficiência hormonal;
- Doenças causadas por níveis hormonais excessivos;
- Doenças causadas pelo desenvolvimento de tumores (benignos ou malignos) nas glândulas endócrinas.
- A lista de doenças tratadas pelos endocrinologistas é bem extensa. Entre elas estão: hipotireoidismo, hipertireoidismo e nódulos de tireoide, diabetes mellitus, obesidade, distúrbios menstruais e da fertilidade, síndrome dos ovários policísticos, distúrbios do crescimento e da puberdade, crescimento excessivo de pelos (hirsutismo), colesterol alto, doenças da hipófise, osteoporose, menopausa, andropausa etc.
No Brasil, essa área médica se fortaleceu a partir dos anos 1950, com o surgimento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Com o passar dos anos, os profissionais dessa área foram ficando cada vez mais solicitados, devido ao aumento da identificação de doenças relacionadas a questões hormonais.
Uma das patologias que ganha um cuidado especial dos endocrinologistas é a obesidade. O número de pessoas que sofrem com essa condição é preocupante no país.
Nos últimos 10 anos a prevalência da obesidade aumentou em 60%. De acordo com o Ministério da Saúde, mais da metade da população está acima do peso, o que está relacionado principalmente ao sedentarismo e à alimentação inadequada, muitas vezes decorrentes de influências sociais e comportamentais.
Para que serve?
São muitos os motivos que levam os pacientes ao consultório de um endocrinologista. Entre os mais comuns podemos citar a busca pelo tratamento do diabetes mellitus, do excesso de peso e dos problemas da tireoide.
No entanto, a área de atuação desse profissional é bem mais extensa, e o acompanhamento com o especialista pode ser indicado nos seguintes casos:
Menopausa
Quando uma mulher fica doze meses sem menstruar, define-se o diagnóstico de menopausa. O climatério, que inclui a fase de transição, marca o final da vida fértil da mulher. Essa fase costuma ser marcada por sintomas como fogachos (calorões), alterações de humor, ganho de peso, secura vaginal, entre outros, que podem persistir por um período indeterminado de tempo.Após considerar as indicações e possíveis contraindicações, a terapia de reposição hormonal da menopausa pode ser indicada, levando à melhora importante de muitos desses sintomas.
Andropausa
Os níveis de testosterona variam muito entre os homens. Em geral, os homens mais velhos tendem a ter níveis mais baixos de testosterona do que os homens mais jovens. Diferente da queda abrupta nos níveis hormonais que ocorre com as mulheres ao entrarem na menopausa, os níveis de testosterona diminuem gradualmente ao longo da vida adulta nos homens — a queda é de cerca de 1% ao ano, depois dos 30 anos.
A percepção clínica dessa variação hormonal é diferente para cada indivíduo.
Enquanto alguns permanecem praticamente assintomáticos, outros podem apresentar sintomas como cansaço, depressão, redução da força muscular e disfunção sexual. O endocrinologista, nesse caso, pode ajudar a investigar a causa, assim como iniciar o tratamento de reposição hormonal, quando for indicado.
Diabetes
A presença de fatores de risco para essa doença, como por exemplo excesso de peso, alterações — mesmo que discretas — da glicose sanguínea, histórico familiar, alterações nos níveis de colesterol e hipertensão arterial, pode ser um bom indicativo para uma consulta com um endocrinologista.
Hoje sabemos que as alterações metabólicas que irão resultar em diabetes começam muitos anos antes do seu diagnóstico. Quanto mais cedo forem implementadas medidas preventivas, melhor, já que esta é uma doença acompanhada de sérios risco à saúde.
Os sintomas típicos do diabetes incluem aumento do apetite e emagrecimento, sede constante, aumento da vontade de urinar ao longo do dia, fraqueza, alterações visuais e mudanças de humor. Não podemos esperar o aparecimento de sintomas para realizar o diagnóstico, já que eles só ocorrem quando o diabetes já está descompensado.
Na presença de qualquer um desses sinais, procure um médico para investigar e começar o tratamento.
Problemas do crescimento e da puberdade
Problemas no crescimento, como a baixa e a alta estatura, podem ser causados por distúrbios na hipófise. Nesses casos, a produção do GH (hormônio do crescimento) pode estar desregulada.
O acompanhamento médico periódico permite a observação adequada dos padrões de crescimento de crianças e adolescentes, permitindo um diagnóstico adequado.
A causa nem sempre é uma questão hormonal, podendo envolver fatores genéticos e nutricionais, entre outros. Para tirar a dúvida e verificar a necessidade de tratamento, é importante consultar esse especialista.
Problemas como a presença precoce de pelos pubianos (pubarca) ou o desenvolvimento das mamas (telarca) também podem ser tratados com o endocrinologista.
Distúrbios menstruais
Alterações no ciclo menstrual, como a ocorrência da menstruação em mais de uma vez ao mês ou a ausência do ciclo, podem ser provocadas por algum distúrbio hormonal. Por isso, pode ser necessário o acompanhamento de um endocrinologista, que pode ser encaminhado pelo próprio ginecologista.
Excesso de pelos
O hirsutismo (excesso de pelos) é uma situação em que as mulheres apresentam crescimento excessivo de pelos com padrão de distribuição masculino, ou seja, são pelos que podem aparecer na face, abdômen e tórax.
Além do hirsutismo, o aumento da massa muscular e a acne, assim como a rarefação dos cabelos na região central da cabeça (alopecia androgenética), podem ser manifestações do excesso de hormônios masculinos na mulher.
Diante desses sintomas o médico endocrinologista realizará investigação e tratamento específicos.
Doenças da hipófise
Tumores hipofisários, geralmente benignos, podem estar associados à deficiência ou ao excesso de hormônios, levando a sintomas diversos, como: galactorreia (secreção de leite pelas mamas fora do período de amamentação), mudanças faciais, crescimento das mãos e pés, dores de cabeça e problemas de visão.
Esses sintomas podem ser decorrentes de condições como a acromegalia, prolactinoma, ou tumores não funcionantes (que não produzem hormônios).
Obesidade
A obesidade é uma condição bastante preocupante, pois é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos, e até mesmo para vários tipos de câncer.
Nem sempre a dificuldade de perder peso está relacionada apenas aos hábitos de vida, como alimentação inadequada e sedentarismo. Alguns pacientes enfrentam problemas hormonais que interferem nesse processo.
Após realizar uma avaliação clínica completa, o endocrinologista costuma solicitar exames laboratoriais para a pesquisa não só de disfunções que podem estar contribuindo para o ganho de peso, mas também de complicações decorrentes da doença, como alterações nos níveis sanguíneos de colesterol e da glicose, além de esteatose hepática (gordura no fígado), colelitíase (pedras na vesícula), entre outros.
Distúrbios da glândula suprarrenal
Vários sintomas podem denunciar a presença de algum distúrbio na glândula suprarrenal. Ao observar sinais como variações no peso, pelos excessivos, pressão alta ou baixa, puberdade precoce, estrias arroxeadas ou escurecimento da pele, procure um especialista.
Distúrbios da tireoide
A tireoide é uma glândula localizada na região do pescoço, responsável pela produção dos hormônios T3 e T4, importantes para várias funções do organismo.
Alguns sintomas podem indicar que há algo de errado no seu funcionamento, tais como nódulos no pescoço, insônia, intestino irregular, coração acelerado, nervosismo, sensação de frio ou calor em excesso e perda ou ganho de peso.
No caso do hipotireoidismo, por exemplo, o metabolismo se torna mais lento e o paciente apresenta bastante sonolência, dificuldade em perder peso, cansaço, cabelos e unhas fracas, infertilidade, e até mesmo raciocínio prejudicado.
Quando a tireoide trabalha em excesso, por outro lado, também não é bom. Essa condição é chamada de hipertireoidismo. Nessa doença, o paciente terá sintomas como fraqueza muscular, calor, transpiração excessiva, batimentos cardíacos acelerados, perda de peso, diarreia, irritabilidade, entre outros sinais, que muitas vezes são confundidos com problemas do coração.
Ao perceber esses sintomas, o paciente pode buscar a ajuda do endocrinologista. Através de exames, ele poderá confirmar ou descartar a hipótese de que o problema esteja nessa glândula.
Além disso, a presença de nódulos na tireoide é uma situação cada vez mais frequente. A avaliação pelo endocrinologista é indispensável para a definição de como será o acompanhamento.
A análise de fatores clínicos em associação com as características do nódulo à ecografia podem dar dicas quanto à natureza do nódulo em questão (se benigno ou maligno). Com isso, muitas punções diagnósticas e até mesmo cirurgias desnecessárias podem ser evitadas, o que se constitui, atualmente, numa das principais preocupações dos estudiosos dessa área.
Osteoporose
A osteoporose é uma doença silenciosa, pois quando os sintomas aparecem, um fratura já pode ter ocorrido. Os grupos considerados sob maior risco, como mulheres pós-menopausa, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, ou em uso de corticoides, por exemplo, devem ser avaliados com atenção.
Distúrbios hormonais também estão entre os fatores que podem provocar a osteoporose.
O endocrinologista pode orientar medidas de prevenção, assim como investigar a causa e realizar o tratamento desta doença.
Síndrome dos ovários policísticos
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) afeta cerca de 20% das mulheres na pré-menopausa.
Costuma se apresentar com uma combinação variável de sinais e sintomas como irregularidade menstrual, hirsutismo (aumento de pelos), queda de cabelos e acne.
Exames laboratoriais podem revelar aumento dos níveis sanguíneos dos androgênios, além de outras alterações metabólicas, e a ecografia pode evidenciar múltiplos cistos nos ovários.
Problemas como a gordura abdominal, resistência à insulina, obesidade, distúrbios metabólicos e fatores de risco cardiovasculares podem estar associados à SOP.
O tratamento visa o controle do hiperandrogenismo (excesso de hormônios masculinos), das consequências da disfunção ovariana e/ou dos distúrbios metabólicos associados. Deve ser realizado a longo prazo e adaptado de forma dinâmica de acordo com mudanças das circunstâncias e fases da vida de cada mulher. Além disso, devem ser respeitadas as necessidades pessoais e expectativas de cada paciente.
Deficiência de vitamina D
A vitamina D é fundamental para que o nosso organismo consiga absorver o cálcio dos alimentos. Muitos estudos têm avaliado seu papel sobre o sistema imunológico, cardiovascular, e até mesmo sua influência em alguns tipos de câncer.
Nossa principal fonte de vitamina D é o sol, pois ele estimula a produção da vitamina através da exposição da pele aos raios UVB.
Acredita-se que 20 minutos de exposição solar alguns dias por semana, sem protetor, sejam suficientes para garantir uma produção adequada. Porém, nem sempre é possível manter essa vitamina nos níveis ideais, pois fatores como a estação do ano, além de características individuais como pigmentação da pele, idade e presença de patologias, podem interferir na capacidade de produzir a vitamina.
Nos alimentos, as principais fontes são os óleos de fígado de peixe e os peixes de água salgada como salmão, sardinha e arenque, mas as quantidades obtidas da alimentação não serão suficientes para manter seus níveis adequados.
Diante disso, quando alguém apresenta níveis baixos de vitamina D, pode ser necessário acompanhamento com um endocrinologista, que poderá iniciar um tratamento para sanar essa deficiência.
Para o diagnóstico é realizado uma dosagem sanguínea, que é recomendada em casos específicos, tais como os seguintes grupos e fatores de risco:
- Idosos – acima de 60 anos;
- Indivíduos com histórico de fraturas ou quedas recorrentes;
- Gestantes e mulheres que estão amamentando;
- Osteoporose e outros problemas ósseos;
- Doença renal crônica;
- Síndromes de má-absorção, como após cirurgia bariátrica e doença inflamatória intestinal;
- Uso de medicações: terapia anti-HIV, glicocorticoides e anticonvulsivantes;
- Neoplasias malignas;
- Pessoas com diabetes;
- Pessoas que não se expõem ao sol ou que tenham contraindicação à exposição solar;
- Presença de obesidade;
- Pessoas de pele escura.
Baixa libido
A baixa libido pode ser um sintoma de problemas como o hipotireoidismo, menopausa ou aumento da prolactina. Nesses casos está indicado buscar a ajuda do endocrinologista.
Além de alterações hormonais, muitos fatores podem interferir na vida sexual das pessoas, por isso, antes do endocrinologista iniciar um tratamento, é necessário analisar questões como o uso de medicamentos, problemas psicológicos, problemas no relacionamento, além de outras patologias.
Especialidades e áreas de atuação
O endocrinologista, de modo geral, estuda e trata as doenças relacionadas aos hormônios e as complicações causadas por eles. No entanto, dentro desse campo, existem áreas específicas em que o profissional pode optar por se especializar. São elas:
Neuroendocrinologia
Essa é a área da endocrinologia responsável por estudar e tratar as doenças que afetam a região do hipotálamo e da hipófise, localizados no cérebro.
Os distúrbios presentes na hipófise, considerada a glândula mãe em nosso organismo, são delicados, pois podem provocar sérios problemas para a saúde do paciente.
Além de alterações hormonais, problemas na hipófise podem provocar cefaleia (dor de cabeça) e alteração na visão. Isso porque essa glândula está muito próxima de estruturas como o quiasma óptico e os seios cavernosos, responsáveis pelo movimento dos olhos e das pálpebras, entre outras funções.
A hipófise é considerada uma glândula principal em nosso organismo pois está relacionada a produção de vários hormônios, como o hormônio do crescimento (GH) e a prolactina, responsável pelo estímulo da produção de leite nas glândulas mamárias.
Os hormônios produzidos pela hipófise afetam diretamente o funcionamento de glândulas como a suprarrenal, as gônadas e a tireoide. Assim, como um efeito dominó, uma falha aqui acaba provocando outros problemas de saúde.
A hipófise tem uma íntima relação com o hipotálamo, que libera uma série de substâncias que estimulam ou inibem a produção de hormônios pela glândula.
Doenças relacionadas a distúrbios hipofisários incluem, por exemplo, a acromegalia e o gigantismo, além da Doença de Cushing, decorrentes de tumores hipofisários, geralmente benignos.
O endocrinologista, por fim, tem o papel de diagnosticar, tratar e acompanhar a evolução dessas doenças.
Os sintomas podem ser bem diferentes, dependendo da disfunção. Quando os sinais iniciais são dor de cabeça, dores nas articulações, formigamento e outros, o paciente pode procurar outros especialistas, que, ao suspeitar do problema de disfunções hormonais, farão o encaminhamento ao endocrinologista.
Endocrinologia feminina
A endocrinologia é uma área médica que pode estar presente na vida de muitas mulheres, em fases diferentes e por motivos diversos, da puberdade até a menopausa.
O especialista dessa área é responsável por investigar e tratar problemas como:
- Genitália alterada ao nascimento;
- Menstruação irregular;
- Puberdade tardia ou precoce;
- Dificuldade para engravidar e infertilidade;
- Menopausa, normal ou precoce;
- Osteoporose;
- Síndrome pré-menstrual;
- Síndrome dos ovários policísticos
As mulheres que apresentam qualquer problema relacionado à regulação hormonal do sistema reprodutor feminino devem procurar este especialista, pois ele é o mais indicado para avaliar a necessidade de tratamentos específicos.
Andrologia
Estuda e trata as alterações da função reprodutora e sexual no homem, sendo uma área considerada relativamente nova na medicina. Começou a ganhar maior notoriedade durante os anos 1960.
A andrologia está relacionada a especialidades clínicas e laboratoriais voltadas ao tratamento de problemas masculinos. As quatro patologias, ou grupos patológicos, mais estudados, envolvem as seguintes condições:
- Varicocele (alargamento das veias no saco escrotal);
- Disfunções sexuais;
- Esterilidade;
- Deficiência de testosterona.
Endocrinologia pediátrica
A endocrinologia pediátrica é a área médica que une as práticas da endocrinologia e da pediatria para o tratamento de disfunções hormonais, do período neonatal até o fim da adolescência.
O acompanhamento desse profissional é fundamental para evitar complicações futuramente. Também possibilita o diagnóstico precoce de patologias, quando existe uma rotina preventiva.
Período neonatal
Condições clínicas que envolvem o endocrinopediatra no período neonatal incluem a hipoglicemia, o hipotireoidismo congênito e a hiperplasia adrenal congênita.
Durante a infância, problemas como déficit de crescimento, hipotiroidismo e diabetes mellitus tipo 1 fazem parte da rotina de atendimento dessa especialidade.
Adolescência
Na adolescência, o endocrinologista tem o papel de ajudar em relação a problemas como o atraso de desenvolvimento puberal, assim como na puberdade precoce, além de disfunções tireoidianas, diabetes mellitus tipo 1 (autoimune) ou tipo 2, e obesidade.
Normalmente, a puberdade acontece entre os 8 e 13 anos para as meninas, e entre os 9 e 14 anos para os meninos. Quando os sinais puberais surgem antes, como aos 6 anos para elas, e aos 7 ou 8 para eles, a puberdade é considerada precoce. Quando ocorre após os 13 e 14 anos, respectivamente, para meninas e meninos, é considerada tardia.
O endocrinopediatra investiga as causas das alterações no ritmo de desenvolvimento puberal e indica o tratamento mais adequado para cada situação.
Teste do pezinho
O teste do pezinho, ou triagem neonatal, é um exame que deve ser realizado ainda no berçário, nas primeiras 48 a 72 horas de vida. É realizado para investigar problemas como o hipotireoidismo congênito, por exemplo.
Esta doença hereditária é causada pela incapacidade da tireoide em produzir seus hormônios, em geral, por defeitos de formação glandular.
Assim, o recém-nascido não é capaz de produzir os hormônios T3 e T4, o que provoca problemas no metabolismo, inibindo o desenvolvimento mental e físico do bebê.
O diagnóstico deve ser precoce, permitindo o início do tratamento preferencialmente nos primeiros 10 a 15 dias de vida, o que reduz muito o risco de alterações cerebrais.
Ainda que seja raro, o teste do pezinho pode falhar. Nesses casos, é necessário atentar-se aos sintomas, para que as crianças possam ser avaliadas novamente.
Os principais sintomas da doença não tratada são: icterícia neonatal prolongada, choro rouco, movimentos lentos, constipação, macroglossia (aumento do volume da língua), hérnia umbilical, fontanelas (“moleiras”) amplas, redução do tônus muscular, e pele seca.
Ao detectar algum desses sinais o médico deverá solicitar uma avaliação laboratorial para confirmar o diagnóstico, independentemente do resultado do teste do pezinho.
Crescimento normal
Para diagnosticar o crescimento da criança como normal ou não, é indispensável realizar acompanhamento médico periódico, que possibilita a confecção de curvas para avaliar a evolução do crescimento.
Para isso, são levados em consideração parâmetros como:
- Padrão populacional;
- Padrão esperado de acordo as características familiares;
- Velocidade de crescimento de acordo com idade, sexo e nível de desenvolvimento.
Do nascimento até a adolescência, esses aspectos devem ser observados pelo pediatra, que encaminha o paciente ao endocrinologista quando alterações são detectadas.
Obesidade e diabetes
Na infância, problemas como a obesidade e diabetes podem ser prevenidos com orientação do endocrinologista.
É necessário que o médico observe se a criança apresenta os fatores de risco para uma dessas doenças, que podem andar lado a lado.
A melhor opção terapêutica deve ser avaliada em cada caso. As medidas educacionais para prevenção e/ou controle do quadro de obesidade devem ser priorizadas.
Um cuidado maior deve ser dado quando o paciente já apresenta histórico familiar de obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Ainda na infância podem acontecer as primeiras manifestações clínicas de resistência à insulina, que está associada ao aumento da gordura corporal.
Atualmente, o foco na prevenção dessas doenças é uma preocupação global. O número de crianças e adolescentes com essas manifestações é significativamente maior do que há algumas décadas, e isso se dá por uma combinação de fatores como hábitos alimentares pouco saudáveis e sedentarismo, altos níveis de estresse, sono inadequado, entre outros.
Com a troca das brincadeiras de rua pelos jogos virtuais, e dos alimentos “de verdade” por uma grande variedade de fast foods, driblar essas patologias com uma alimentação equilibrada e o incentivo ao exercício físico acaba sendo um grande desafio.
Dessa forma, o acompanhamento de um endocrinologista se faz essencial.
Endocrinologia e medicina do exercício e do esporte
Essa vertente da endocrinologia, digamos assim, é recente. Em 2013 a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) criou a Comissão Temporária para o Estudo da Endocrinologia, Exercício e Esporte (CTEEE), que vem trazendo aos associados informações científicas de qualidade.
É cada vez maior o número de pacientes que procuram o endocrinologista para receber orientações quanto à suplementação alimentar e outras questões relacionadas ao exercício e ao esporte.
Quando a endocrinologia se associa à medicina do esporte, o objetivo não é apenas orientar o que pode ou não ser feito com relação às indicações, riscos e benefícios do uso de suplementos.
A ideia é também conscientizar a população quanto aos riscos associados ao uso inadequado de suplementos e esteroides anabolizantes, que vêm sendo cada vez mais procurados pelos usuários de academias, que buscam, na maioria das vezes, resultados estéticos.
Além de verificar se está tudo certo em relação à produção de hormônios e à saúde dos atletas, o endocrinologista pode indicar o uso de suplementos alimentares para potencializar seus resultados, aumentando as chances de se destacarem em competições.
Quando o uso consciente de suplementos é aplicado a pessoas que praticam exercícios físicos regularmente, pode-se obter melhora do rendimento nos treinos.
O trabalho do endocrinologista acontece em conjunto com o educador físico e o nutricionista.
Um dos exames comumente indicados por esses profissionais é a bioimpedância, que avalia a quantidade de músculo, gordura e água corporal. Repetindo o exame periodicamente é possível avaliar os resultados do tratamento e seus efeitos na composição corporal.
Em equipes que competem em campeonatos como Copa do Mundo, Campeonato Brasileiro, Superliga e Olimpíadas, por exemplo, é comum que um profissional dessa área acompanhe os atletas.
Quando procurar?
As pessoas devem procurar esse profissional diante de qualquer sintoma que possa indicar alguma doença endócrina.
Isto inclui problemas na tireoide, obesidade, diabetes, distúrbios menstruais, problemas na menopausa, infertilidade (masculina ou feminina), excesso de pelos, colesterol ou triglicerídeos elevados, crescimento anormal (excessivo ou deficiente), osteoporose, entre outras condições.
De acordo com a endocrinologista Daniele Zaninelli, os sintomas dos distúrbios endócrinos são muito variados.
“Os sintomas variam de acordo com o hormônio em questão, e podem incluir aumento de pelos, acne, alterações menstruais e infertilidade, entre tantos outros”.
“Problemas de tireoide, por exemplo, podem causar sintomas como cansaço, ganho ou perda de peso, esquecimento, mudança do hábito intestinal, queda de cabelos, palpitações e muitos outros, pois os hormônios tireoidianos atuam em todo o organismo, determinando seu ritmo de funcionamento”, conta a doutora.
No caso do diabetes, um dos distúrbios tratados por este profissional, sintomas como emagrecimento, aumento na vontade de urinar e na sede, alterações visuais, perda de sensibilidade ou aparecimento de úlceras nos pés, são sinais de que a doença está descontrolada ou apresentando complicações, e devem servir de alerta para a busca imediata de ajuda médica nessa área.
A deficiência de vitamina D também é abordada pelo endocrinologista, e pode estar associada à fraqueza muscular, dores no corpo, osteopenia e osteoporose, por exemplo.
Um dos motivos que mais levam as pessoas a uma consulta com o endocrinologista é entender o porquê não conseguem emagrecer.
Dessa forma, também é indicado procurar um endocrinologista quando a pessoa não consegue perder peso mesmo seguindo uma alimentação prescrita por um nutricionista e realizando exercícios físicos regularmente.
Nessa condição, assim como em todas as outras patologias relacionadas a uma disfunção glandular, esse médico deve ajudar no diagnóstico e tratamento específicos.
A procura pelo endocrinologista pode ser feita, independentemente da idade, quando houverem sinais e sintomas de disfunção hormonal de qualquer natureza.
Em geral, não se recomenda a realização de dosagens hormonais como parte de um check-up, a não ser que a avaliação clínica evidencie necessidade para tal.
No entanto, existem alguns protocolos, como por exemplo: mulheres com mais de 35 anos devem realizar testes para avaliar a função tireoidiana mesmo na ausência de sintomas.
O especialista saberá indicar a necessidade de exames a partir da avaliação do quadro clínico e dos fatores de risco para distúrbios endócrino-metabólicos, de forma individualizada.
Como o endocrinologista ajuda quem quer emagrecer?
Nem sempre é possível manter um peso saudável apenas com uma boa reeducação alimentar e exercícios físicos regularmente. Algumas pessoas podem apresentar maior dificuldade e isso pode acontecer pela presença de algum problema hormonal.
O endocrinologista pode ajudar nesses casos avaliando quando essa dificuldade pode se dever a uma questão hormonal, como acontece no caso do hipotireoidismo, em que o metabolismo do paciente fica mais lento.
Caso o motivo seja um transtorno causado por desequilíbrio hormonal, o especialista encaminhará o paciente para o tratamento e acompanhará os resultados.
Segundo a endocrinologista Daniele Zaninelli, estes profissionais realizam uma avaliação global do paciente e do seu modo de vida.
“A abordagem do endocrinologista no emagrecimento pode incluir orientações quanto aos hábitos de vida (alimentação, sono, atividade física), além do uso de medicamentos específicos que podem auxiliar no controle do apetite e na indução da saciedade, bem como de outros efeitos metabólicos positivos”.
“Essa indicação deve ser precisa, respeitando o grau de severidade do quadro, doenças associadas e outras situações clínicas especiais, além das preferências de cada paciente”.
No caso de pessoas com obesidade, o acompanhamento de um endocrinologista também é importante.
“É importante conhecer a fundo a forma como ocorreu o ganho de peso para determinar a melhor abordagem terapêutica. A obesidade é uma doença crônica, e frequentemente vem acompanhada de distúrbios hormonais ou disfunções metabólicas que devem ser identificadas e tratadas adequadamente”, relata.
Durante a consulta com esse especialista, alguns aspectos como o peso, idade, circunferência da cintura, do quadril e a altura do paciente são avaliados. Essas características são importantes para identificar os riscos de problemas cardiovasculares e para saber qual seria o peso mais saudável.
Após a primeira consulta, e diante da prescrição de um tratamento, é importante que o paciente retorne ao endocrinologista para que o médico possa verificar se o tratamento está dando certo.
O tratamento dos distúrbios endócrino-metabólicos deve ser dinâmico, ou seja, é importante que o paciente realize o acompanhamento periódico, conforme recomendado em cada caso, para que não haja estagnação no tratamento, e para que novas opções terapêuticas possam ser oferecidas quando necessário.
Quando o paciente não consegue, mesmo com o tratamento clínico, perder o peso necessário, é o endocrinologista que pode indicar a necessidade de uma cirurgia bariátrica.
Exames e procedimentos comuns
A lista de exames que um endocrinologista pode solicitar é bem diversa.
O objetivo dos exames é identificar a produção excessiva ou deficiente de hormônios, quais as glândulas envolvidas e qual a causa desse desequilíbrio.
Os exames para determinar os níveis de hormônio em geral são feitos através do sangue ou da urina. Alguns testes envolvem estímulo ou supressão de eixos hormonais específicos. Caso exista suspeita de um distúrbio hereditário, testes genéticos podem ser solicitados.
Entre os exames laboratoriais mais comuns, estão os que verificam os seguintes hormônios:
- TSH (hormônio estimulante da tireoide);
- T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina);
- Testosterona;
- Progesterona;
- Prolactina;
- IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina, tipo 1);
- GH (hormônio do crescimento);
- FSH ( hormônio estimulante dos folículos);
- LH (hormônio luteinizante);
- Estradiol;
- Cortisol.
Podem ainda ser realizados exames de imagem como a cintilografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Esses exames complementam a investigação de disfunções hormonais, e ainda podem ser úteis quando o médico suspeita da presença de algum tumor.
Como é o tratamento de doenças endócrinas?
O tratamento das doenças relacionadas aos distúrbios glandulares depende da sua causa e consequências clínicas.
Por isso é necessário que este profissional avalie vários aspectos no perfil do paciente, a fim de chegar à origem do problema, determinando o risco de complicações.
Alguns tratamentos envolvem a reposição hormonal, quando deficiência é comprovada, exigindo o uso de medicamentos.
Pacientes que apresentam tumores, por exemplo, podem precisar de tratamento cirúrgico para remoção da glândula afetada, e o paciente pode precisar de acompanhamento do endocrinologista por tempo indeterminado.
É possível ainda que a desordem hormonal aconteça pela interferência de medicamentos, levando à necessidade de reavaliar a prescrição médica.
Começar o uso de medicamentos ou interromper um tratamento sem consultar o médico são atitudes que devem ser evitadas, pois colocam a saúde do paciente em risco.
É possível se prevenir de distúrbios endócrinos?
Como conta a doutora Daniele Zaninelli, o sistema endócrino é responsável por diversas funções no organismo, como controlar o desenvolvimento e crescimento puberal, a reprodução, o sono, a sede, a fome e o metabolismo.
Os hormônios também controlam a forma como respondemos a fatores ambientais.
Para a doutora, “diversos fatores atuam sobre o sistema endócrino, entre eles a genética, os hábitos de vida e até mesmo um grande número de substâncias livres no meio ambiente. Essa exposição ocorre diariamente através do ar que respiramos, da água que bebemos e nos banhamos, e dos alimentos que ingerimos”.
Esses fatores são conhecidos como “desreguladores endócrinos”.
Dessa forma, é evidente que o controle de todos esses aspectos foge das possibilidades de qualquer indivíduo. Portanto, não é possível se prevenir de tudo que pode causar um distúrbio endócrino.
No entanto, adotar alguns hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos e alimentação equilibrada é uma das formas mais importantes de reduzir as chances do desenvolvimento dessas doenças e suas complicações.
Segundo a endocrinologista, também é fundamental manter um sono adequado, não fumar, e consumir bebidas alcoólicas com moderação.
Onde encontrar este profissional?
Para consultar um médico endocrinologista os pacientes podem recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo atendidos gratuitamente. No caso daqueles que possuem plano de saúde, em geral existe cobertura para esse tipo de especialista.
Além dessas duas alternativas, é possível recorrer a consultas particulares, realizadas por profissionais que atendem em suas clínicas.
Para garantir que a consulta será com um profissional qualificado, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia disponibiliza em seu site uma ferramenta para que o paciente busque um endocrinologista associado. O paciente deve informar apenas o estado e cidade onde está.
Formação
Se o seu sonho profissional é ser um endocrinologista, você já deve saber o quanto é necessário dedicação, pois é preciso antes passar pelo concorrido vestibular para o curso de medicina, um dos mais disputados (e caros) entre as universidades do país.
O curso de medicina dura seis anos e começa com matérias teóricas. No decorrer dos anos passa a ser mais prático. Algumas matérias presentes na grade são:
- Anatomia;
- Fisiologia.
- Bioquímica;
- Genética;
- Patologia;
- Imunologia;
- Bioestatística;
- Otorrinolaringologia;
- Oftalmologia;
- Pediatria;
- Ginecologia e Obstetrícia;
- Traumatologia e Ortopedia;
- Farmacologia;
- Psiquiatria.
Como conta a doutora Zaninelli, após concluir o curso de medicina é preciso passar por um concurso para realização da Residência Médica em Clínica Médica, que terá duração de 2 anos.
“Concluída esta etapa, outro concurso é realizado para a conquista de uma vaga em um novo programa de Residência Médica, agora em Endocrinologia e Metabologia, que tem duração de mais 2 anos. A partir daí, alguns profissionais seguem sua formação com obtenção de títulos como o mestrado ou doutorado, com duração que varia de 2 a 4 anos cada, em média”.
Para ser um endocrinologista titulado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), também é necessário ser aprovado na prova para obtenção do título de especialista, organizado pela mesma sociedade.
Perguntas frequentes
A endocrinologia é uma especialidade médica que abrange o diagnóstico e tratamento de diversas patologias, por isso é normal que surjam muitas dúvidas em relação a essa área. Confira as mais frequentes:
Qual a função do endocrinologista na cirurgia bariátrica?
O endocrinologista é fundamental no acompanhamento pré e pós-operatório de pacientes que precisam recorrer à cirurgia bariátrica, processo esse que não é simples ou rápido.
Antes da indicação cirúrgica para o tratamento da obesidade, o paciente deve se submeter a pelo menos 2 anos de tratamento clínico adequado, que inclui mudanças de comportamento alimentar, prática de exercícios físicos, e uso de medicamentos específicos.
Se a resposta não for adequada, o endocrinologista identificará a necessidade de tratamento cirúrgico, realizando o encaminhamento do paciente. Além disso, serão levados em conta os riscos que o paciente corre realizando ou não a cirurgia, e as possíveis complicações clínicas envolvidas.
A avaliação clínica especializada pré-operatória é essencial para preparar o paciente para o procedimento.
Muitos obesos apresentam deficiências nutricionais que são melhor corrigidas ainda antes da cirurgia, enquanto o trato digestivo está intacto, garantindo uma melhor absorção dos nutrientes. Isso melhora as condições clínicas para o enfrentamento da cirurgia.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, no período pós-cirúrgico o endocrinologista é indispensável para a prevenção de deficiências nutricionais e do reganho do peso.
Em alguns casos o médico pode precisar encaminhar o paciente para tratamentos estéticos, como cirurgias para retirada do excesso de pele após a perda de peso.
Outra preocupação desse especialista deve ser em acompanhar e tratar outras patologias além da obesidade, como a diabetes.
Em muitos pacientes, após a realização da bariátrica o quadro de diabetes melhora significativamente, mas mesmo assim recomenda-se acompanhamento por tempo indeterminado, já que a doença pode voltar a se manifestar em qualquer momento.
A equipe responsável por auxiliar o paciente nesse processo inclui, além do endocrinologista e do cirurgião, profissionais como o psicólogo, o psiquiatra e o nutricionista.
Quando procurar um endocrinologista ou um nutricionista?
Segundo a endocrinologista Daniele Zaninelli, para entender qual destes dois profissionais procurar, é necessário conhecer as áreas de atuação de cada um.
O nutricionista é um profissional formado em nutrição, sendo responsável por avaliar a função dos alimentos no organismo e ver o que é necessário para cada pessoa manter ou recuperar a saúde. Este profissional pode se especializar em Nutrição Clínica, Saúde Coletiva, e Nutrição em Esportes, por exemplo.
Além de indicar quais os alimentos ideais dentro de uma dieta equilibrada, um bom nutricionista deve realizar também uma análise mais aprofundada de cada indivíduo, abordando até mesmo aspectos sociais.
A partir desse perfil, ele será capaz de montar um cardápio específico para as necessidades de cada indivíduo, sabendo se ele será capaz de cumprir, o que é muito importante. Portanto, o nutricionista deve ser procurado quando se trata de uma questão alimentar.
O endocrinologista, por outro lado, é um médico que se especializou no estudo das glândulas e do metabolismo.
“O endocrinologista realiza uma avaliação clínica completa, com solicitação e interpretação de exames, orientando a necessidade de tratamentos específicos, que podem incluir mudanças nos hábitos de vida e prescrição de medicamentos”, diz a endocrinologista.
Assim como pode ser uma questão de dieta, o acúmulo de peso pode ser uma questão hormonal.
No caso de pessoas que apresentam alguma disfunção na tireoide, como por exemplo o hipotireoidismo, somente a ida ao nutricionista não será o suficiente para compreender a causa. Sabendo disso, qual deve ser a primeira opção para os pacientes?
É difícil indicar uma resposta como a correta. Existem várias formas de chegar às respostas certas para melhorar nossa saúde.
Partindo de um princípio em que a pessoa não possui nenhum histórico de doenças ou sintomas específicos que possam indicar que existe alguma desordem hormonal, o nutricionista pode ser uma opção de início.
“O nutricionista pode trabalhar em conjunto com o endocrinologista orientando mudanças no plano alimentar com elaboração de cardápios específicos direcionados às necessidades de cada paciente”.
Como funciona o tratamento de reposição hormonal?
Após confirmar o diagnóstico de um quadro de deficiência hormonal, o endocrinologista deve prescrever a reposição específica de acordo com o caso.
“O hipotireoidismo é um exemplo clássico de deficiência hormonal, e a reposição consiste no uso de levotiroxina, a cópia sintética exata do principal hormônio produzido pela tireoide. Seu uso em doses adequadas leva ao controle dos sintomas”.?
Cada paciente deve ser avaliado cuidadosamente, sendo recomendado controle com avaliações clínicas e laboratoriais de forma periódica.
Segundo a endocrinologista Daniele Zaninelli, o uso nunca deve ser feito baseado em experiências de terceiros ou por automedicação, pois as consequências podem ser devastadoras.
Neste artigo buscamos esclarecer como funciona essa área da medicina, capaz de auxiliar no tratamento e diagnóstico de várias disfunções hormonais.
O endocrinologista é, certamente, um profissional fundamental para a manutenção da nossa saúde. Dentro da própria área, inclusive, existem diversos campos de atuação, como a pediatria, andrologia ou a endocrinologia feminina.
Talvez você já tenha precisado se consultar com um endocrinologista e iniciar o tratamento de alguma doença, ou apenas como forma de prevenção. Fique à vontade para nos contar o seu relato em nosso espaço de comentários.
Para saber ainda mais sobre vida saudável, acompanhe nossos outros artigos do blog. Obrigada pela leitura!
Fontes consultadas:
- Dra. Daniele Tokars Zaninelli (CRM 16876), especialista em endocrinologia e metabologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Sociedade Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO) e da Endocrine Society.
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
- Livro Guia de Exames Endocrinológicos (2013)
Dra. Daniele Zaninelli é endocrinologista formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atua em Curitiba. CRM-PR: 16876
Fonte: https://minutosaudavel.com.br/endocrinologista/
Publicado em 21/08/2018.