Por: Daniele Tokars Zaninelli & Márcio Tokars

Realmente, quanto maior a sensação de frio, maior a sensação de fome. E não é qualquer alimento que satisfaz, não é mesmo? Em geral procuramos alimentos quentes e calóricos. Mas esse comportamento não se trata apenas de uma “fraqueza” típica desse período, ele faz parte do sistema de auto-preservação de nosso organismo.

Para nos proteger do frio e manter a temperatura corporal adequada, o organismo precisa ativar uma série de respostas metabólicas. Fica fácil perceber isso quando lembramos dos tremores de frio, das mãos e dos pés frios e até mesmo arroxeados durante os dias de baixas temperaturas. São manifestações da diminuição do calibre dos vasos sanguíneos da periferia, tentando evitar a perda de calor corporal. Além de tentar preservar o calor através desses mecanismos, também existe um aumento da termogênese, ou seja, da produção de calor através da ativação do tecido adiposo marrom, responsável pelo aumento do metabolismo que ocorre nessas situações.

Pensando assim poderíamos imaginar que fica mais fácil emagrecer durante o inverno, certo? Mas infelizmente isso não costuma acontecer, por que para compensar o aumento no gasto metabólico, o sistema de controle do apetite é ajustado de forma a garantir o aporte das calorias necessárias para a produção do calor. O problema é que a maioria das pessoas acaba cedendo a escolhas alimentares ruins, aumentando o consumo de carboidratos simples (massas em geral) e gorduras, sem falar nas bebidas alcoólicas, ultrapassando a quantidade calórica necessária. Outro problema é que a ingesta de alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e legumes, diminui. Como se isso não bastasse, o armazenamento das calorias extras na forma de gordura é facilitado, pois os depósitos de gordura constituem uma forma mecânica de proteção ao frio.

E ainda existem outros fatores que jogam a favor do ganho de peso no inverno.
Durante a estação fria o corpo fica mais coberto, diminuindo a vigilância com o fator estético. Isso pode levar a um descuido não só com a alimentação, mas também com a prática de exercícios físicos.
Existem ainda as questões emocionais. Os dias frios e sem cor exercem grande influência no sistema de controle do humor, que se torna mais depressivo.
Visto desse ângulo parece que tudo está perdido, não é mesmo?! A boa notícia é que podemos usar esses conhecimentos a nosso favor. Devemos aproveitar o gasto energético extra para intensificar os cuidados com a saúde no inverno. Os exercícios físicos são grandes aliados na produção de calor extra, e no aumento do metabolismo. Ao invés de nos escondermos em casa fugindo do frio, devemos escolher uma atividade física prazerosa, que será capaz de manter o corpo aquecido por várias horas.

Alguns cuidados simples com a alimentação podem prevenir o ganho de peso nesse período. Estão a favor do metabolismo os alimentos termogênicos, ou seja, aqueles que exigem mais trabalho do organismo para a digestão. São os alimentos com mais fibras e proteínas em sua composição. Além de aumentar o gasto energético também são capazes de produzir sensação de saciedade, evitando o consumo excessivo de alimentos.
E não esqueça de manter o consumo de água em pelo menos 2 litros/dia. Álém de garantir a hidratação e o bom funcionamento intestinal, a água também aumenta a eficiência dos alimentos em produzir calor, já que a base da vida são os metais alcalinos como o sódio, o potássio e o cálcio, que são altamente eletropositivos e reativos, e reagindo com a água produzem energia e calor. O aumento do metabolismo desencadeado pelo frio gera resíduos e também uma temperatura corporal maior que a do ambiente, criando um fluxo de calor para fora, principalmente através da eliminação de água e dióxido de carbono. Ou seja, se o metabolismo está acelerado, mais água é necessária para a desintoxicação do organismo.

Não podemos esperar o clima perfeito para cuidar da saúde. Esse é um processo dinâmico e contínuo que exige cuidados o ano todo, faça chuva ou faça sol!