No último mês, os argentinos se surpreenderam com a mudança no diagnóstico do tumor de tireoide diagnosticado na presidente Cristina Kirchner. O diagnóstico inicial de câncer de tireoide foi alterado depois da realização do exame do nódulo retirado durante a cirurgia.
Essa situação não é incomum, podendo acontecer em cerca de 5% dos pacientes que realizam cirurgia de tireoide.
Quando se encontra um nódulo na tireoide, seja através da palpação ou seja através de um exame de imagem da região cervical (habitualmente uma ecografia), é importante que se analise as características do nódulo, o que associado a uma avaliação clínica completa vai definir a necessidade de realizar uma “biópsia” do nódulo em questão.
Quando há indicação, o paciente é submetido a uma PAAF (Punção Aspirativa por Agulha Fina). Este exame permite a análise das células encontradas no nódulo, o que muitas vezes define se ele é benigno ou maligno. A análise das células tumorais obtidas a partir da punção pode ser dificultada por problemas na qualidade ou na quantidade de material coletado. Em alguns casos a punção deve ser repetida na tentativa de se obter uma resposta quanto ao tipo de tumor, porém cerca de 7% dos nódulos continuam com resultado não conclusivo mesmo após uma segunda biópsia, podendo ser recomendada a retirada cirúrgica do nódulo. Muitas vezes só após a análise da peça cirúrgica é possível observar alguns aspectos como a presença de invasão das estruturas adjacentes ou dos vasos sanguíneos pelo tumor, o que então vai definir sua natureza maligna.
No caso da presidente Cristina Kirchner, a punção indicou a presença de câncer, que não se confirmou após a cirurgia, o que é conhecido como resultado “falso positivo”.
A notícia de que o nódulo era benigno traz alívio, mas por outro lado não apaga a angústia vivida nos momentos que vão do diagnóstico de câncer até o momento em que o laudo do exame realizado após a retirada cirúrgica é liberado, mostrando que na verdade o tumor era benigno. No caso da presidente da Argentina todo esse processo foi muito rápido, porém no nosso dia-a-dia isso pode levar muito mais tempo para ser concluído, principalmente quando se fala dos serviços públicos de saúde.
Como acontece com todas as doenças malignas, quanto mais cedo o problema é descoberto, maiores as chances de cura.
A pesquisa de um nódulo de tireóide pode ser feita através do auto-exame da tireóide, que é muito simples. Basta se posicionar em frente a um espelho e beber alguns goles de água observando a região cervical logo abaixo do “pomo de Adão”, pois o movimento de deglutir evidencia qualquer aumento de volume na região.
No caso de apresentar fatores de risco para câncer de tireóide, como:
– história familiar de câncer de tireóide
– exposição à radiação (radioterapia para tumores de cabeça e pescoço ou mesmo tórax)
– suspeita de aumento de volume na região cervical
Procure um endocrinologista para uma avaliação mais detalhada. Vale ressaltar que as chances de cura são muito grandes desde que o tratamento seja feito de forma adequada.