Um dos temas discutidos no CBEM/2014 foi o aumento na incidência do Câncer de tireoide. Veja a seguir um resumo sobre esse assunto.
A tireoide está localizada na região anterior do pescoço. É a glândula responsável pela produção dos hormônios tireoideanos, T3 e T4, que atuam em praticamente todo o organismo, regulando seu funcionamento.
Além de disfunções na produção hormonal (hipo ou hipertireoidismo), a tireoide pode apresentar aumento de volume (bócio), ou desenvolver nódulos, que por sua vez podem ser benignos (90 a 95% dos casos) ou malignos.
Os nódulos de tireoide têm se tornado cada vez mais frequentes.
Acredita-se que virtualmente todas as pessoas terão um nódulo de tireóide se viverem tempo suficiente para isso, visto que podem ser encontrados em 90% das mulheres acima de 70 anos, e em 80% dos homens acima de 80 anos, quando avaliados por ecografia.
O câncer de tireoide é o quinto tumor mais frequente nas mulheres. Nos homens ocupa a décima sétima posição.
A maior disponibilidade de exames como a ecografia cervical não parece ser o único fator determinante do maior número de casos. Os motivos que levam a esse aumento ainda estão em estudo.
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de tireoide estão a obesidade, o diabetes e a resistência à insulina. Fatores ambientais também podem interferir nesse processo. Entre eles estão a exposição à radiação ionizante, infecções virais, pesticidas, bisfenol A, isoflavonas, iodo, tabagismo, entre tantos outros. Todos esses fatores interagem com o perfil de susceptibilidade genética de cada indivíduo, o que determina como será sua resposta frente aos agentes agressores.
Apesar do aumento progressivo na incidência do câncer de tireoide observado nas últimas décadas, sabemos que a grande maioria não é agressivo, pois 70% dos chamados “microcarcinomas” (tumores com menos de 1 cm de diâmetro) ficam estáveis ou até involuem ao longo do tempo, mesmo sem nenhum tipo de intervenção. A maneira como cada organismo reage à presença do tumor tem papel importante na definição de sua evolução.
É difícil determinar quais são os casos que vão progredir para doença clínica, por isso a necessidade do acompanhamento pelo endocrinologista, que poderá indicar a conduta mais adequada. A tendência atual é a prescrição de tratamentos menos agressivos, evitando que o “tratamento” seja mais nocivo ao paciente do que a própria doença.
A ecografia de tireoide é o melhor exame para a avaliação de um nódulo e de suas características, o que define a necessidade de prosseguir a investigação. A punção do nódulo e a análise citológica do material coletado podem identificar a natureza benigna ou maligna da lesão.
A pesquisa de nódulos está indicada particularmente quando há histórico familiar positivo para câncer de tireoide.
Fica a mensagem: nódulos de tireoide são muito comuns e na maioria das vezes são benignos. Nos casos em que o nódulo abriga um câncer, o tratamento adequado leva à cura na grande maioria dos casos.