Por que é importante ficar de olho na balança?

O ganho de peso é lento e progressivo. A maior parte das pessoas começa a acumular alguns quilinhos após 20 anos de idade e quando menos se espera, a situação sai do controle.

Por que é importante ficar de olho na balança?

O ganho de peso é lento e progressivo. A maior parte das pessoas começa a acumular alguns quilinhos após 20 anos de idade e quando menos se espera, a situação sai do controle.

Vivemos em um ambiente que favorece o acúmulo de gordura corporal, o que pode afetar até mesmo pessoas de peso normal. Já foram listadas mais de 30 complicações secundárias a esse acúmulo, especialmente quando ocorre ao redor da cintura. Entre elas estão: diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hepáticas, infertilidade, e pelo menos 13 tipos de câncer.

A maior preocupação é que essas doenças são cada vez mais diagnosticadas entre os jovens. Além de comprometer a qualidade de vida, é previsto que essa geração tenha uma expectativa de vida menor do que a de seus pais. Por isso, a prevenção é essencial! 

Como saber se você está em risco?

Recomenda-se manter um peso considerado saudável com base no índice de massa corporal (IMC), que se calcula dividindo-se o peso (Kg) pela altura (m) ao quadrado. As menores taxas de morbimortalidade são observadas quando o IMC se encontra entre 20 e 25Kg/m2. O IMC, entretanto, não diferencia a massa gorda da massa magra, nem a gordura central (que está mais relacionada ao risco de complicações) da periférica.  Uma análise mais precisa da composição corporal pode ser obtida através da bioimpedância, exame que avalia tanto a quantidade como a distribuição da massa magra e da gordura corporal.  Aplico esse método de forma rotineira no atendimento a meus pacientes, o que permite uma análise personalizada do risco. O exame também é muito útil para evidenciar os resultados da atividade física e das mudanças nos hábitos alimentares, pois os benefícios nem sempre ficam evidentes quando se dá atenção apenas aos números indicados pela balança. 

Quanto peso é preciso perder?

Enquanto muitos dos pacientes apresentam uma melhora clínica importante ao perder 5% a 10% do peso corporal, outros precisam de uma perda ainda mais substancial. O acompanhamento clínico vai determinar as metas para cada paciente, com base na sua evolução durante o tratamento.

E o “obeso saudável”? Também precisa emagrecer?

Sim. Mesmo quando não apresentam diabetes, hipertensão ou colesterol alto, as pessoas com obesidade enfrentam risco aumentado de doenças como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca, entre outras.

Por que é essencial buscar a ajuda de um profissional especializado? A obesidade é uma doença crônica e seu tratamento precisa ser levado a sério. Não se trata apenas a questão do emagrecimento. A forma como o tratamento é conduzido terá implicações nas condições de saúde e manutenção do peso a longo prazo. Para isso é preciso um conhecimento amplo da fisiopatologia da doença, que tem bases biológicas e vai muito além da “força de vontade” de seus portadores.

Como emagrecer com saúde?

Não existem fórmulas mágicas! Sabemos que a forma como cada organismo armazena ou gasta a energia proveniente dos alimentos depende de uma complexa interação entre predisposição genética, hábitos de vida e fatores ambientais. É importante identificar, de forma individualizada, quais os fatores que estão promovendo o desequilíbrio metabólico, buscando uma estratégia que se adapte às condições de cada paciente.

Com alguns cuidados é possível manter a gordura corporal sob controle. Veja abaixo 5 ferramentas que podem auxiliar na mudança de hábitos e na sua manutenção a longo prazo:

  • 1) Alimentação: A perda de peso está mais relacionada à quantidade de calorias ingeridas do que à composição da dieta. Entretanto, além de buscar o déficit calórico, devemos priorizar uma alimentação mais natural, rica em fibras, evitando o consumo excessivo de produtos industrializados e bebidas açucaradas, medidas importantes para manter a boa saúde.
  • 2) Atividade física: O foco não deve ficar apenas no aumento da queima de calorias. Manter-se ativo ajuda a preservar a massa magra durante o emagrecimento, incrementando o gasto metabólico basal (de repouso), o principal determinante do gasto energético diário total. Além disso, as pessoas ativas têm um menor risco de desenvolver doenças cardiometabólicas, independente do peso corporal.
  • 3) Uso de medicamentos de forma ética: Ao agir sobre mecanismos de controle da fome, facilitam a adesão à dieta. A indicação deve levar em conta condições clínicas individuais. Assim como em qualquer doença crônica, os medicamentos contra a obesidade só funcionam enquanto o paciente os toma, portanto, o uso prolongado pode ser necessário.
  • 4) Dieta VLCD (VeryLow Calorie Dietcetogênica – Método PronoKal®: Trata-se de uma dieta de muito baixo valor calórico (até 800Kcal/dia) baseada em substitutos alimentares compostos por proteínas de alto valor biológico, que tomam temporariamente o lugar das refeições. São diversas opções de sabores, chamando a atenção pela praticidade. Com essa restrição de carboidratos o organismo passa a utilizar a gordura como fonte de energia e ocorre uma rápida perda de peso. O acompanhamento médico é obrigatório, garantindo a adequada indicação desta modalidade terapêutica, assim como a orientação de suplementação vitamínica e controle clínico durante todo o processo. O paciente recebe ainda orientações de equipe multidisciplinar – nutrição, atividade física e coaching emocional. 
  • 5) Monitoramento constante do peso: Independentemente do método escolhido, manter a gordura corporal sob controle exige planejamento, disciplina e cuidado constantes, lembrando que o temido “efeito sanfona” nada mais é do que a consequência do abandono das modificações de estilo de vida adotadas durante o tratamento.

A detecção precoce do ganho de peso sempre é uma medida muito eficaz para a prevenção de doenças crônicas! Fique de olho!

 

Dra. Daniele Zaninelli é endocrinologista formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atua em Curitiba. CRM-PR: 16876