Participei recentemente do XI Curso de Diagnóstico e Manejo Contemporâneo da Obesidade, na Unicamp, e tive a oportunidade de conhecer o laboratório que tem como uma das linhas de pesquisa  a influência da microbiota intestinal no perfil metabólico. 

 Vários estudos já constataram diferenças significativas na composição da microbiota entre pessoas magras e pessoas obesas, além da relação dessa composição com o risco de obesidade, DM2 e síndrome metabólica. 

Estes estudos também apontam que a tentativa de regular a microbiota por meio de probióticos não é eficaz, pois há diversos fatores que influenciam direta ou indiretamente em sua composição em curto, médio e longo prazo.

 A maioria das pessoas parece acreditar que os probióticos são capazes de modular a microbiota. Mas será que essa mudança é duradoura? E mais…será que é eficaz, ou mesmo segura? 

O que a ciência nos diz? 

Um artigo recentemente publicado na “Nature Medicine” tem um título que já traz muitas respostas: “prós,  contras e muitas incógnitas dos probióticos”. 

Infelizmente ainda existem muito mais dúvidas do que respostas sobre o uso clínico de probióticos em humanos.  A microbiota é extremamente variável de pessoa para pessoa, e mesmo num mesmo indivíduo, muda drasticamente ao longo do dia. 

 Portanto, seria muita presunção de nossa parte afirmar que determinado probiótico poderia modificar a microbiota de alguém de forma eficaz e duradoura, trazendo benefícios clínicos inquestionáveis. 

Além disso, esse importante artigo fala sobre os riscos e a falta de dados de segurança de seu uso, especialmente em populações como crianças,  gestantes, pessoas com problemas de  imunidade ou criticamente doentes. Seu uso também deve ser evitado no período  pós-operatório, e em pacientes hospitalizados.

 Portanto, não se arrisque! A indicação da maioria dos probióticos não tem base científica concreta, e o uso corriqueiro deve ser evitado.

Devemos aguardar os resultados de novas pesquisas para conhecer a fundo suas particularidades, minimizando riscos desnecessários à saúde.  

 Por enquanto a dica é: a melhor forma de obter e manter uma “boa” microbiota é com alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. 

Adaptado de: Nature Medicine, pros, cons and many unknowns of probiotics. May/2019