Quando recebe o diagnóstico de diabetes, muita gente sofre, imaginando que agora “vai ter que” fazer dieta e exercícios, quando na verdade o que se recomenda são hábitos saudáveis, que deveriam ser seguidos por todos, e não apenas pelos diabéticos.

Portanto, sendo ou não portador de diabetes, as recomendações abaixo vão te ajudar a melhorar a qualidade de vida e a saúde de forma geral.

A presença de diabetes pode exigir alguns cuidados especiais, dependendo de características individuais e do estado de saúde, o que também será abordado nos próximos artigos.

Quem apresenta fatores de risco para a doença, como excesso de peso, ou familiares com diabetes, por exemplo, deve saber que a prática regular de exercícios físicos pode prevenir – ou pelo menos atrasar – o desenvolvimento do diabetes tipo 2 (DM2).

Acaba de ser publicada uma importante revisão sobre os achados científicos dos efeitos da atividade física (AF) na saúde do diabético. Trago aqui dados mais detalhados sobre os efeitos que podemos esperar dos diferentes tipos de AF sobre o metabolismo.

Conheça os efeitos clínicos e metabólicos das diferentes modalidades de AF:

1) Exercício aeróbico: envolve movimento contínuo e repetido de grandes grupos musculares.

Ex: caminhada, ciclismo, corrida e natação.

– Auxilia no controle das glicemias;
– Melhora a reatividade dos vasos sanguíneos, a função pulmonar, imunológica e cardíaca;
– Treinos com volume moderado a alto estão associados à redução no risco de mortalidade cardiovascular e por outras causas, tanto no DM1 como no DM2.

No diabetes tipo 1:

  • aumenta a aptidão cardiorrespiratória;
  • diminui resistido à insulina;
  • melhora os níveis lipídicos e a função endotelial.

No diabetes tipo 2:

  • melhora a resistido à insulina;
  • reduz a hemoglobina glicada;
  • reduz os triglicerídeos e a pressão arterial.

2) Treinamento intervalado de alta intensidade (HITT): é o exercício aeróbico realizado com intensidade máxima num curto período de tempo, intercalado com momentos de descanso.

– No DM2:
Leva a uma rápida melhora da capacidade oxidativa do músculo esquelético;
Melhora a sensibilidade à insulina e a glicemia.

– Também pode ser indicada para pacientes com diabetes tipo 1.

3) Treinamento de resistência (força): usa aparelhos de musculação, o peso do próprio corpo, ou qualquer objeto que estimule a contração muscular.

O diabetes pode acelerar a perda da força muscular, o que pode ser contraposto com o treinamento de resistência, que influencia positivamente a massa muscular e a composição corporal.

Outros benefícios são a melhora da massa óssea, da sensibilidade à insulina, da pressão arterial, do perfil lipídico e da saúde cardiovascular.

– Benefícios do treinamento de resistido no DM1:

O efeito do exercício resistido sobre o controle glicêmico no DM1 não é claro, no entanto, pode ajudar a minimizar o risco de hipoglicemia induzida pelo exercício.

* DICA: Quando o treino envolve tanto exercícios resistido como aeróbicos numa mesma sessão, iniciar o treino com exercícios resistido leva a um menor risco de hipoglicemia do que começar com exercícios aeróbicos.

– Benefícios do treinamento resistido no DM2:

Melhora o controle glicêmico resistido à insulina;

Aumenta a força muscular e a massa magra;

Melhora a pressão arterial.

4) Exercícios de flexibilidade: melhoram a amplitude do movimento em torno das articulações.

5) Exercícios de equilíbrio: previnem quedas. Tai chi e Yoga combinam flexibilidade, equilíbrio e resistência.

Exercícios de flexibilidade e equilíbrio têm especial importância para os idosos com diabetes.

No diabetes existe uma maior tendência à limitação da mobilidade articular, o que resulta em parte da formação de produtos finais da glicação avançada (ages), que se acumulam durante o envelhecimento normal, e são acelerados pela hiperglicemia.

– O alongamento aumenta a amplitude do movimento em torno das articulações e a flexibilidade, mas não afeta o controle glicêmico.

– O treinamento de equilíbrio pode reduzir o risco de quedas, melhorando o equilíbrio e a marcha, mesmo na presença de neuropatia periférica.

Independente de todos os detalhes, deixar de ser sedentário e passar a praticar qualquer exercício, ou mesmo se movimentar mais ao longo do dia, leva à melhora da qualidade de vida, e pode evitar muitas mortes prematuras.

No próximo artigo falaremos sobre como escolher a modalidade, duração, frequência e intensidade da atividade física.