Adoçantes – devemos evitar seu uso?
Neste artigo trago um resumo do que sabemos atualmente (com base nos posicionamentos das principais entidades científicas envolvidas no assunto), além de recomendações práticas sobre o uso de adoçantes nodia a dia, para pessoas sem diabetes.
Duas principais questões têm sido discutidas:
1) Finalidade: porque usar (ou não) adoçantes?
Os adoçantes não têm valor nutritivo, mas costumam ser utilizados como substitutos do açúcar para reduzir a ingestão calórica, com o objetivo de prevenir o ganho e facilitar a perda de peso.
Em maio de 2023 a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um posicionamento, sugerindo que adoçantes sem açúcar não sejam utilizados com a finalidade de controle de peso ou redução do risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, pela falta de evidências de que sejam benéficos nesse sentido.
Entre os adoçantes estão incluídos o acesulfame, aspartame, ciclamatos, sacarina, sucralose, estévia e seus derivados, entre outros. Xilitol e eritritol não foram incluídos pela escassez de estudos realizados até o momento.
Mas atenção: a OMS não recomenda que as pessoas que ingerem adoçantes substituam seu uso por açúcar, já que as evidências de malefício dos adoçantes nas doses comumente utilizadas são muito mais fracas do que as evidências de malefício do consumo excessivo de açúcar.
Essa recomendação faz parte de um conjunto de ações que a OMS tem realizado para promover uma alimentação mais saudável, que visa estimular um maior consumo de alimentos in natura em paralelo ao menor consumo de alimentos processados e ultraprocessados.
2) Segurança: Adoçante faz mal à saúde?
A segurança destes adoçantes já foi amplamente demonstrada em estudos clínicos, desde que ingeridos nas doses recomendadas. Isso não mudou.
O que mantém o assunto em debate, é que apesar da ausência de qualquer conclusão definitiva que sugira que o consumo de adoçantes aumente o risco de distúrbios cardiometabólicos, nenhuma evidência consistente pode rejeitar essa afirmação. Por isso, recomenda-se que alternativas mais saudáveis com paladar menos doce, como frutas e outros alimentos sem açúcar adicionado, sejam buscadas sempre que possível.
Outra questão é a suspeita de correlação entre o uso de aspartame e câncer. Em julho de 2023, a OMS publicou uma revisão sobre o tema onde o aspartame foi incluído na classificação do Grupo 2B para o risco de câncer, ou seja, passou a ser considerado possivelmente carcinogênico para seres humanos, apesar de não haver provas de causa-efeito comprovada.
Após análise dos dados disponíveis até o momento, o JECFA (Comitê Misto FAO/OMS de Especialistas em Aditivo Alimentar), também vinculado à OMS, emitiu uma nota informando que não há evidências que sugerem que devemos modificar a dose considerada segura do aspartame já determinada anteriormente, de 40mg/kg, ou o equivalente a ao menos 12 latas de refrigerante não calórico ao dia, ou ao menos 60 sachês de aspartame comumente comercializados.
Podemos concluir que a redução de consumo de alimentos adocicados e bebidas edulcoradas, com consumo prioritário de alimentos in natura e de preparo caseiro, é a melhor estratégia para uma alimentação saudável.
Autora: Daniele C. Tokars Zaninelli, endocrinologista em Curitiba.