Sobrepeso e Obesidade

É bem conhecida a relação da obesidade com uma série de doenças, tais como diabetes, problemas cardiovasculares, articulares, distúrbios do sono, entre outros. O tratamento orientado pelo endocrinologista evita uma série de complicações.

A manutenção de um peso saudável é considerada atualmente uma das principais medidas para a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, que representam a causa de cerca de 2 a cada 3 mortes no Brasil.

Estudos populacionais mostram que o excesso de peso leva quase que inequivocamente  a complicações de saúde, pois aumenta o risco de doenças como diabetes, colesterol alto, problemas cardiovasculares e respiratórios, gordura no fígado, apneia do sono, hipogonadismo masculino, infertilidade, depressão e diversos tipos de câncer, sem falar nas complicações ortopédicas e limitações para as diversas atividades simples do dia a dia. O aparecimento de complicações costuma ser uma questão de tempo.

Além de comprometer a qualidade de vida, o excesso de peso aumenta o risco de morte prematura. Nos Estados Unidos já se prevê que a atual geração será a primeira a ter uma expectativa de vida menor do que a de seus pais. Um estudo mostrou que pessoas com sobrepeso (IMC 25 a 30Kg/m2) podem perder até 3 anos de vida, enquanto obesos (IMC 30-35Kg/m2) perdem até 6 anos, e os muito obesos (IMC  35Kg/m2 ou mais) podem perder até 8 anos de vida.  Portanto, é importante que a obesidade seja reconhecida como uma doença crônica, e que seja tratada como tal.

A redução do consumo energético e o aumento do gasto metabólico através da prática regular de exercícios físicos, porém mesmo recebendo essas orientações, grande parte dos pacientes não consegue perder e manter o peso de forma satisfatória. Infelizmente as mudanças comportamentais nem sempre são suficientes para vencer as barreiras biológicas ativadas no processo de emagrecimento. Nesses casos deve-se considerar o uso de medicamentos.

Veja o depoimento de uma paciente que fala das dificuldades e conquistas desse processo.

“Se eu soubesse que iria me sentir tão bem me desapegando dos quilos extras que carreguei comigo há algum tempinho, teria mudado antes!!! Acreditar em mim foi o ponto de partida. E o desapego de antigas crenças tem sido fundamental para esse processo de inovação funcionar. A mudança é de dentro para fora, com certeza! Aumento do bom humor, bem-estar, saúde, disposição, auto-estima, equilíbrio emocional, são alguns dos benefícios que se conquista fazendo esse trabalho maravilhoso por si, e como conseqüência, para as pessoas queridas que te apóiam e torcem com amor, sua família, marido, amigos… é contagiante! Confie em você e dedique-se a se dar de presente para sempre essa transformação! Focar nas conquistas – e não nas restrições passageiras – que a reeducação proporciona te estimula a seguir em frente! Dra. Daniele, muito obrigada pelo apoio!” S.C.

abemos que a perda de 5 a 10% do peso corporal reduz de forma significativa o risco de desenvolver complicações como o diabetes e as doenças cardiovasculares. Curiosamente, um estudo recente realizado nos Estados Unidos mostrou que menos de 1% das pessoas com indicação de uso de medicamentos para perda de peso recebe tratamento farmacológico. Isso pode demonstrar a resistência, ou talvez a falta de conhecimento, de que a obesidade é uma doença crônica, grave e progressiva, e que requer tratamento a longo-prazo.

Uma parcela dos pacientes apresenta ainda indicação de tratamento cirúrgico da obesidade, que pode levar a um controle satisfatório do peso corporal e de suas comorbidades.

Referências bibliográficas

• • Obesity Science & Practice Volume 2, Issue 2, pages 104–114, June 2016
  • Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da Obesidade e do Sobrepeso. Posicionamento Oficial da ABESO/ SBEM
  • Lancet 2016; 388: 776–86

É importante ressaltar que pessoas com excesso de peso são constantemente expostas a propagandas de produtos que garantem resultados milagrosos. Deve-se estar atento para evitar o uso de substâncias que não foram submetidas à análise criteriosa dos órgãos regulatórios – o que ocorre com os tratamentos alternativos – que não se mostram seguros nem eficazes para o tratamento da obesidade. 

A tendência atual é avaliar e tratar a obesidade como uma doença que apresenta várias nuances, seja com relação à magnitude do excesso de peso, seja pela presença de comorbidades específicas. Deve-se dar atenção às necessidades de cada paciente para a escolha do tratamento adequado.

E…não! Ser obeso não é uma opção de vida, mas o resultado da interação entre uma série de fatores genéticos e do meio ambiente que merece ser tratada com seriedade, durante toda a vida do paciente.