A osteoporose pode ser definida como uma doença esquelética sistêmica que se caracteriza por redução da densidade mineral óssea (DMO), alteração da microarquitetura do tecido ósseo, e maior risco de fraturas.
A osteopenia pode ser considerada como o estágio inicial na evolução da osteoporose. Sua identificação e manejo adequados podem prevenir a progressão da doença e suas complicacões clínicas, que podem ser muito sérias quando atingem a coluna ou o quadril, por exemplo.
Diagnóstico
O diagnóstico de osteopenia/osteoporose é dado pela medida da DMO através da densitometria óssea. O parâmetro utilizado para o diagnóstico é o “T-Score”, que se aplica a mulheres na menopausa e a homens acima de 50 anos, conforme tabela abaixo.
Quando o exame é realizado em mulheres na pré-menopausa ou em homens com menos de 50 anos de idade, o parâmetro utilizado é o “Z-score”, que pode identificar casos de massa óssea abaixo do esperado para sexo e idade quando seu valor está abaixo de -2,0.
A densitometria pode ser usada para acompanhar a evolução do tratamento, e só deve ser repetida 1 ano após o exame inicial, tempo necessário para detectar mudanças na densidade óssea. Em situações clínicas especiais pode ser repetido em intervalos menores.
O exame leva cerca de 20 a 30 minutos para ser realizado, e a radiação emitida é mínima. A qualidade do exame depende muito da técnica utilizada, e o exame deve ser repetido no mesmo aparelho, sempre que possível, pois esse cuidado permite uma maior acurácia na comparação dos resultados.
Por que a densitometria avalia apenas coluna e fêmur?
A medida da DMO da coluna vertebral reflete o estado do osso trabecular, mais poroso, que predomina na coluna vertebral e nos ossos chatos.
A densitometria do quadril avalia principalmente o osso cortical, mais compacto, que predomina nos ossos longos do corpo.
Essas medidas fazem uma estimativa do que está acontecendo no esqueleto como um todo. Quando existe alteração nos resultados da densitometria, presume-se que o risco de fraturas está aumentado.
Osteoporose, doença silenciosa
A osteoporose não causa sintomas. Quando se manifesta com dor, as complicações da doença já podem estar presentes. A dor pode indicar que uma fratura óssea, que representa o desfecho da doença, já aconteceu.
O ideal é diagnosticar a doença quando ainda não existem sintomas. Por isso o exame de densitometria óssea deve fazer parte da avaliação clínica quando fatores de risco são identificados.
Fatores associados ao maior risco de fratura
- sexo feminino
- idade acima de 60 anos
- raça branca
- peso corporal abaixo de 55 kg
- fratura prévia por baixo impacto (decorrente de trauma semelhante ou inferior à queda da própria altura)
- história familiar de fratura após os 50 anos de idade em parentes de primeiro grau
- tabagismo atual
- uso prolongado de corticóides (dose diária de prednisona acima de 5 mg ou equivalente por tempo superior a três meses)
- uso regular de bebidas alcoólicas (acima de duas doses diárias)
- sedentarismo
Quem deve fazer a densitometria óssea?
- Mulheres com mais de 65 anos
- Homens com mais de 70 anos
- Mulheres acima de 40 anos na transição da menopausa
- Homens acima de 50 anos de idade, com fatores de risco
- Adultos com antecedente de fratura por fragilidade, condição clínica ou uso de medicamentos associados à baixa massa óssea ou perda óssea
- Antes de iniciar tratamento farmacológico para a osteoporose
- Monitoramento da eficácia do tratamento para osteoporose
- Mulheres interrompendo terapia hormonal da menopausa, para monitoramento de possível perda de massa óssea.
Exames Laboratoriais
Quando o diagnóstico de osteopenia ou osteoporose é realizado, exames laboratoriais específicos são solicitados para se identificar a causa do problema. Isso possibilita o tratamento de uma possível condição clínica subjacente, que pode ser a causa da perda de massa óssea.
Tratamento
Para a manutenção de um esqueleto saudável existe um mecanismo que promove a renovação constante do tecido ósseo através do processo de destruição e reconstrução que acontece simultaneamente em diferentes partes do corpo. Se em um ponto o osso está sendo reabsorvido, em outro está sendo reconstruído. Isso permite que o osso seja renovado e fique fortalecido.
Os medicamentos disponíveis para o tratamento da osteoporose irão atuar inibindo a reabsorção óssea ou promovendo a formação de massa óssea. Cada caso deve ser avaliado para se definir qual a melhor abordagem terapêutica.
São medidas simples que podem prevenir a osteoporose, e também fazem parte de seu tratamento:
1 – Prevenção de quedas
São vários os fatores que aumentam o risco de quedas, e portanto o risco de fraturas. Alterações visuais, perda de equilíbrio e atrofia muscular são mais comuns acima dos 65 anos de idade, e algumas atitudes simples podem evitar graves danos à saúde. Veja algumas dicas no quadro abaixo.
2 – Consumir alimentos ricos em cálcio diariamente
É importante manter uma ingesta adequada de cálcio durante todas as fases da vida. Na infância e adolescência o consumo adequado de cálcio permitirá que o esqueleto se torne forte e resistente, e no envelhecimento ajudará a prevenir a perda acelerada de massa óssea.
3 – Tratamento da deficiência de vitamina D
Níveis adequados de vitamina D são importantes para manter os ossos saudáveis. Além disso, a deficiência de vitamina D tem sido relacionada à diminuição da força muscular e à deterioração do equilíbrio, fatores que contribuem com o aumento no risco de quedas. Quando a exposição solar controlada não é suficiente, a suplementação de vitamina D deve ser indicada, contribuindo tanto para a melhor absorção e aproveitamento do cálcio pelo organismo, como também para a melhora da função neuro-muscular.
4 – Praticar exercícios físicos regularmente
A prática de exercícios físicos adequados é importante tanto para a prevenção como para o tratamento da osteoporose. A força que a contração muscular exerce sobre os ossos aumenta a sua resistência contra fraturas.
A osteoporose atinge uma em cada três mulheres e um em cada oito homens com mais de 50 anos.Com o aumento da expectativa de vida da população, os índices de osteoporose e suas complicacões tendem a aumentar. Devemos ficar atentos e manter hábitos de vida saudáveis, como os citados acima, procurando ainda evitar o cigarro, o álcool e o consumo excessivo de café. Com essas medidas podemos garantir uma melhor qualidade de vida no envelhecimento.
Imagens
- http://www.sosscan.com.br/densitometria.html
- http://www.idadecerta.com.br/blog/?p=19566
- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2179-10742011000100020&script=sci_arttext
Escrito por
Especialista em Endocrinologia e Metabologia e mestre pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atua na área há mais de 20 anos. É membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), e da Sociedade Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO). Faz parte da diretoria da SBEM-PR.