1 ano? 2 anos? Afinal, qual o tempo necessário para que o nosso organismo se “acostume” com o novo peso após uma dieta? Um estudo recentemente publicado na revista “Obesity” traz os resultados da observação dos participantes do programa “The Biggest Loser”, e mostra como estava seu metabolismo 6 anos após o início da dieta.

 

Com a perda de peso o organismo sofre uma “adaptação metabólica”: o gasto metabólico basal (GMB), que corresponde às calorias necessárias para manter o organismo funcionando em repouso, diminui, o que atrapalha a perda, e favorece o reganho de peso. É o corpo trabalhando para defender as reservas de energia. Com o emagrecimento são desencadeadas respostas hormonais que aumentam nossa tendência a comer, e além disso nos tornamos metabolicamente mais eficientes, isto é, gastamos menos calorias para desempenhar as mesmas funções.

Os participantes do programa perderam peso rapidamente, principalmente massa gorda (MG), preservando a massa magra (MM) devido ao treinamento físico intenso. Mesmo assim houve uma queda importante do GMB ao final da competição, indicando uma grande adaptação metabólica ao novo peso.

Após 6 anos os participantes foram reavaliados. A maioria recuperou boa parte do peso que havia perdido, que se mantinha em torno de 12% mais baixo que no início do programa, associado a benefícios nos níveis de colesterol. O gasto energético total diminuiu apesar do aumento do gasto calórico com exercícios físicos.

O estudo mostrou que, apesar do reganho substancial de peso observado nesses 6 anos de acompanhamento, o GMB permaneceu tão baixo quanto o observado ao final das 30 semanas de competição, quando estavam com um peso bem mais baixo e com restrição calórica intensa. Após 6 anos estavam queimando cerca de 500Kcal/dia a menos do que o esperado, evidenciando um aumento da adaptação metabólica nesse período. Esse resultado foi surpreendente, visto que nessa última avaliação os participantes atravessavam um período de estabilidade no peso corporal. Os autores alertam que isso não se aplica a todos os métodos de emagrecimento, principalmente quando se compara com resultados obtidos com a cirurgia bariátrica.

Considerando que o GMB é responsável por 60 a 70% de nosso gasto calórico diário, fica fácil entender por que ele tem um papel tão importante na manutenção do peso a longo-prazo.

Que lição aprendemos? Manter a perda de peso ao longo do tempo exige cuidados constantes devido à persistência da resposta de adaptação metabólica, que acaba atrapalhando nossos esforços para perder (e manter) o peso. Como a massa magra é a maior determinante da GMB, é importante preservá-la ao máximo em qualquer programa de emagrecimento.

A melhor forma de aumentar o gasto metabólico diário é aumentar o nível de atividade física, seja por meio de uma vida mais ativa em casa ou no trabalho, seja pela prática de exercícios físicos regulares.

 

 

 

*Adaptado de: Persistent metabolic adaptation 6 years after “The Biggest Loser” competition – Obesity, 2 MAY 2016