Mais do que nunca, cidadãos brasileiros estão sentindo os efeitos do estresse em suas vidas, refletidos em suas relações pessoais e profissionais, e até mesmo na sua saúde. Mas por que isso acontece?
*Daniele C. Tokars Zaninelli
A cada momento recebemos notícias que disparam uma série de reações fisiológicas em nosso organismo, que podem culminar com sintomas dos mais diversos tipos, e até com doenças. Procure entender como esse processo ocorre e fique alerta aos sinais de perigo. Saber reconhecer quando as coisas estão saindo do controle permite a tomada de ação no momento oportuno, o que pode prevenir desfechos muitas vezes irreversíveis.
O estresse, conjunto de reações adaptativas que nos prepara para lutar ou fugir em uma situação de perigo, visa preservar a nossa vida. Sempre que passamos por uma situação dessas uma memória fica armazenada, para que, frente a novos estímulos semelhantes, possamos reagir de forma mais rápida e eficaz. Por exemplo, quando uma criança vê uma cobra pela primeira vez, pode não sentir medo, mas depois que ela estiver ciente dos riscos, uma resposta de estresse será desencadeada cada vez que aparecer uma cobra em sua frente, ou até mesmo, ao pensar que isso pode se repetir. Quando o indivíduo se sente livre do perigo, tudo deve voltar ao estado inicial.
Mas o que acontece quando esses estímulos passam a ser constantes e não possibilitam um período adequado de recuperação? Quando o estímulo é crônico, ou seja, quando nos vemos enfrentando uma cobra várias vezes ao dia, dia após dia, as coisas podem sair do controle, afetando o equilíbrio do corpo e da mente.
Atualmente, grande parte da população se sente insegura, buscando estratégias que permitam a manutenção do estilo de vida, o que muitas vezes leva à soma dos efeitos do estresse com hábitos de vida pouco saudáveis. Muita gente acaba se alimentando mal, dormindo menos e praticando menos exercícios, o que associado ao consumo de bebidas alcoólicas e ao tabagismo, aumenta ainda mais o risco do surgimento de problemas de saúde, que variam desde sintomas simples até doenças crônicas como: obesidade, diabetes, hipertensão arterial e suas complicações (derrame, infarto), e até mesmo diversos tipos de câncer, sem falar em problemas psiquiátricos, como ansiedade e depressão.
Veja como isso acontece:
Resposta natural ao estresse
Quando detectamos uma situação de risco, o hipotálamo, estrutura localizada no centro do cérebro, ativa o “sistema de alarme corporal”, culminando com a liberação de sinalizadores neurais e hormonais, que tem a função de preparar o organismo para a defesa ou o ataque. As glândulas suprarrenais (localizadas acima dos rins) estão bastante envolvidas nesse processo, e liberam os seguintes hormônios, com suas respectivas funções:
Adrenalina
– Aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial;
Cortisol
– Aumenta os níveis sanguíneos de açúcar;
– Melhora o uso da glicose pelo cérebro;
– Aumenta a disponibilidade de substâncias para o reparo tecidual;
– Freia funções que não seriam essenciais, ou que seriam prejudiciais no momento de estresse: altera as respostas do sistema imune, suprime o sistema digestivo, o sistema reprodutivo, e o processo de crescimento.
Quando julgamos que estamos fora de perigo, ocorre a desativação do sistema e retorno ao estado de equilíbrio.
Já na presença constante de agentes agressores, o sistema pode ficar sobrecarregado. A exposição excessiva ao cortisol e outros hormônios do estresse leva à disfunção de inúmeros processos biológicos.
Veja abaixo uma lista de problemas comumente associados ao estresse:
– Ganho de peso;
– Doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, infarto, derrame);
– Problemas digestivos;
– Distúrbios do sono;
– Ansiedade;
– Depressão;
– Dores de cabeça;
– Dores no corpo;
– Alteração da concentração e memória.
Siga algumas dicas para diminuir o impacto dos efeitos do estresse em sua saúde, afinal, nem sempre podemos evitar o que nos faz mal:
– Procure alimentar-se de forma equilibrada;
– Pratique exercícios físicos regularmente;
– Mantenha relações saudáveis;
– Procure orientação médica no caso de sintomas persistentes ou preocupantes;
– Evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
– Evite fumar.
E lembre-se: mais importante do que o jogo do poder, é não permitir que o estresse seja o vencedor!