Qual o consumo considerado seguro para os diversos tipos de adoçantes?

Por Drª Daniele C. Tokars Zaninelli*

O sabor adocicado agrada ao paladar da maioria das pessoas.

Várias substâncias têm sido desenvolvidas na tentativa de se alcançar este sabor com o menor consumo possível de calorias, para se evitar o ganho de peso. O AÇÚCAR (sacarose) é composto por duas substâncias (glicose e frutose).

Cada grama de açúcar fornece 4Kcal. O uso do açúcar na indústria alimentícia tem várias funções. Além de proporcionar sabor e aspecto agradável aos alimentos, também tem efeito conservante e influencia na textura dos alimentos (maciez e viscosidade).

Os ADOÇANTES tem a função de substituir o açúcar. Podem ser naturais ou artificiais. Os adoçantes são compostos pela associação de edulcorantes, que conferem o sabor doce, e os agentes de corpo, que influenciam em características finais do produto, melhorando seu sabor e aspecto.

Alguns adoçantes contém mais de um tipo de edulcorante em suas fórmulas. O uso de adoçantes está cada vez mais difundido na população, não só como parte da reeducação alimentar indicada no tratamento de doenças como o diabetes, mas também para o controle da obesidade e para a prevenção do ganho de peso. Muitas pessoas fazem uso contínuo de adoçantes por longos períodos.

Como saber se o uso a longo prazo é seguro? Existem limitações para uso na gestação? Essas são as principais questões que serão abordadas nesse texto.

Veja os detalhes sobre cada tipode adoçante:

1.   Sacarina

Foi o primeiro adoçante artificial a ser descoberto, em 1879. É um derivado da naftalina, 400 vezes mais doce que o açúcar. É absorvida no intestino e excretada pelos rins, semsofrer metabolização. Como tem sabor amargo em altas concentrações, passou a ser associada a outros edulcorantes.

Ingestão diária aceitável: até 5mg/Kg/dia o que equivale a 140 gotas/dia (2 gotas/Kg de peso) ou 35 copos de refrigerante zero, considerando um indivíduo com 70Kg.

Avaliação do risco (C): deve ser evitado na gestação e na amamentação.

 Nomes comerciais:
– sacarina + ciclamato: Adocyl (líquido), Assugrin, Finn Cristal (líquido), Doce Menor, Sucaryl (líquido), Tal e Qual
– sacarina + ciclamato + estévia: Stevia Plus Lowçucar (pó, líquido)

2.   Ciclamato

É comercializado desde 1950. Seu poder adoçante é de 30 a 140 superior ao do açúcar, sendo isento de calorias. Não sofre alterações com elevações de temperatura.

Ingestão diária aceitável: até 11mg/Kg/dia, o que equivale a 10 copos de refrigerante zero por dia para uma pessoa de 70Kg.

Avaliação do risco (C): não existem dados para recomendar seu uso na gestação e lactação.

Nomes comerciais:
– Ciclamato + sacarina : Adocyl (gotas), Assugrin (gotas), Doce Menor (pó, gotas), Sucaryl (gotas)
– Ciclamato + sacarina + estévia: Stevia Plus Lowcúcar (pó, gotas)
– Ciclamato + frutose + lactose: Frutak

3.   Aspartame

Começou a ser utilizado na década de 80. Tem sabor semelhante ao do açúcar, com o mesmo conteúdo calórico (4Kcal/g), porém tem poder de adoçar  180 a 200 vezes mais que o açúcar. É composto pelo ácido aspártico e a fenilalanina, portanto pode ser prejudicial aos portadores de fenilcetonúria.

Ingestão diária aceitável: 40mg/Kg/dia, ou seja, 10 gotas por Kg de peso ou 100 copos de refrigerante zero/dia para uma pessoa de 70Kg.

Nomes comerciais:
– Aspartame + agente de corpo: Aspartame Lowçúcar, Gold (pó), Finn (pó, tablete ou gotas)
– Aspartame + açúcar: Sugar Light

Avaliação do risco:
– Pode provocar crises de enxaqueca em indivíduos sensíveis.
– É considerada segura para uso na gestação em mulheres saudáveis e também nas portadoras de fenilcetonúria heterozigóticas (1 em cada 50-70 indivíduos). Deve ser evitado nas homozigóticas para fenilcetonúria (1 em cada 15.000 pessoas). O mesmo vale para o aleitamento.

4.   Sucralose

É um derivado da sacarose. Descoberta em 1976. Seu poder adoçante é 600 vezes maior que do açúcar, sendo isenta de calorias e estável em temperaturas altas e baixas. Não sofre 
metabolização após sua ingestão, sendo eliminada na urina e nas fezes. É um dos adoçantes comercializados em maior escala.

Ingestão Diária Aceitável: 15mg/Kg/dia o que equivale a 320 gotas ou cerca de 50 copos de suco light/dia

Nomes comerciais:
– Sucralose: Splenda (pó, gotas)
– Sucralose + acessulfame: Slim Linea (pó, gotas)

Avaliação do risco (B): Pode causar crises de enxaqueca.

Pode ser usado na gestação. Não existem dados para recomendar seu uso durante a lactação.

5.   Acessulfame-K

Descoberto em 1967. Derivado do ácido acético. Isento de calorias, adoçando 200 vezes mais que o açúcar. Pode ser levado ao fogo. Sabor agradável. Após ingerido não é metabolizado, sendo excretado na urina. Nos EUA foi liberado para uso geral em 2003, podendo ser encontrado em chicletes, sucos, gelatinas, pudins, laticínios, etc.

Ingestão Diária Aceitável: 15mg/Kg/dia o que equivale a 7 litros de refrigerante zero para uma pessoa de 70Kg.

Nome comercial:
– Acessulfame + Sucralose : Slim Linea (pó, gotas)
– Acessulfame + ciclamato: Finett

Avaliação do risco (B):
– seguro na gestação, porém estudos apenas em animais. Sem dados sobre uso na lactação.

6.   Estévia

Adoçante não calórico em uso no Brasil há mais de 20 anos. Adoça 300 vezes mais que o açúcar e não é metabolizada. Tem gosto amargo no momento da ingestão.

Ingestão Diária Aceitável: 5,5mg/Kg/dia equivalente a 234 gotas/dia.

Nomes comerciais:
– Estévia + Ciclamato + Sacarina + carboidratos: Stevita, Lowçucar pó 250g
– Estévia + açúcar mascavo: Lowçúcar pó 500g
– Estévia + Ciclamato + sacarina: Lowçúcar líquido

Avaliação do risco (B):
– tem efeitos benéficos na pressão arterial e nos níveis glicêmicos.
– seguro nagestação, porém estudos apenas em animais.
Não existem dados sobre a lactação.

Resumindo: devemos dar preferência ao uso de sucralose, acessulfame, aspartame e estévia. Na gestação seria prudente evitar o ciclamato.

Fontes:
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia vol 29, N 5, maio/2007
Gestação de Alto Risco – Manual Técnico  -Ministério da Saúide/2012

*Daniele C. Tokars Zaninelli é médica e especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atua como endocrinologista em Curitiba.